Com a independência das mulheres, quando, de fato, conseguiram provar que não só o trabalho de casa as pertencia, outros problemas surgiram. Enfrentamentos que o gênero masculino nunca passou, foram relegados às mulheres.
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Primordialmente, quando elas precisaram sair do ambiente doméstico e familiar para começar o labor fora de casa, careceram mostrar, de diversas formas, que dariam “conta” de tudo. No início, tinham que aparentar que conseguiriam contemporizar as duplas e triplas jornadas. Conseguiram! Foram ótimas nesse convencimento! Com enorme força de vontade, a tudo conseguiram controlar.
Para estudar e terem o estudo reconhecido, muito suor e lágrimas foram derramadas. Aquele ambiente se perfazia em praticamente todo dos homens. Ao começarem a laborar fora de casa, passaram pelos mesmos desafios, e, outros tantos. Na verdade, provaram a competência que lhes era inerente.
De outro turno, “ganharam” com a independência econômica, através do estudo e trabalho, jornadas intermináveis. A administração do lar do casal, o trabalho doméstico, todos os cuidados com os filhos e filhas, e os afazeres fora de casa. Dependendo da escolha da profissão, maiores responsabilidades ainda. São duplas, triplas ou quadruplas jornadas.
Ainda é muito visível homens em posição de destaque, de poder, mas, em torno deles, muitas mulheres a executar o trabalho. Desde que a maior ênfase fique para o gênero masculino, poderão elas desempenhar o trabalho.
Assim, para que elas ficassem felizes e com mais vontade de enfrentar as inúmeras jornadas, passaram a ser chamadas de guerreiras. Todavia, questiono essas denominações e demais, que venham a “tentar” falsamente imbuir adjetivos apenas para que elas continuem com afazeres bem maiores.
Explico. Se a sociedade entende mesmo que algumas delas são diferenciadas, ou seja, “guerreiras”, porque ainda é o gênero masculino detentor de maior respeito e poder em todos os lugares?
O sentimento que fica é o de que termos utilizados para elogiar a garra do gênero feminino é apenas “da boca para fora”.
Sim. São guerreiras, fortes, competentes, estudiosas, inteligentes… Mas, quando se fala em “confiar” nessa tal “responsabilidade” tão falada, melhor deixar a “cereja do bolo” para os homens.
Quando se trata de mulher negra então, são as maiores “guerreiras”, são muito mais “fortes” no imaginário popular. Todavia, as que mais se encontram na base da pirâmide. Elas, verdadeiramente, são as mais massacradas.
O mundo não pode, e nem deve, ser construído em cima de mentiras e enganações. O feminismo é um movimento pela igualdade. E aquelas que militam diariamente pela causa em muito sofrem com as falácias contadas. Quando imaginamos que as mulheres conseguiram superar os desafios mais absurdos a que foram expostas, somos tomadas por situações inusitadas.
O patriarcado tem feito a sua “parte”, o qual tem sido difícil combater. Balelas contadas por diversas vezes, podem se tornar uma “verdade”. A desconfiança com as mulheres, sendo elas chamadas de “guerreiras” ou não, é real.
Merecemos, além do adjetivo guerreira, outros tantos, verdadeiramente. No entanto, não queremos assim sermos reconhecidas apenas no palavreado. A melhor forma de enxergar e reconhecer deve se dar através de atitudes, de ações. Não queremos denominações de “araque”. Essas, não nos interessa.
*ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública no Estado de Mato Grosso