Os Correios foram intimados pelo Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT/MT) para uma mesa de mediação com os trabalhadores-carteiros do Centro de Distribuição Domiciliar (CDD), localizado na Miguel Leite em Várzea Grande, que estão em greve desde o dia 15. O órgão ministerial atende pedido dos trabalhadores através do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios, Telégrafos e Serviços Postais em Mato Grosso (Sintect/MT).

O MPT/MT quer explicações sobre as irregularidades denunciadas pelo Sindicato. Dentre essas irregularidades constam: o acúmulo de correspondência e em alguns casos o extravio de correspondências simples; fraudes de dados no sistema; adulteração de documentos, além da sobrecarga do trabalho de carteiros que utilizam motos nas entregas.

“A mesa de mediação servirá para os trabalhadores falarem sobre os crimes que foram e estão sendo comedidos por dois grupos operacionais dentro do CDD Várzea Grande”, afirmou o diretor jurídico, o advogado Alexandre Aragão. Segundo ele, estes grupos atuam dentro da agência visando implantar um sistema que eles estão denominando de Sistema de Revitalização, mas que de fato é um sistema de escravidão”.

Ao pedido de mediação pleiteado pelo Sindicato foram juntadas fotos sobre o movimento grevista e sobre as irregularidades. As notícias veiculadas na mídia mostraram que a greve atinge apenas os carteiros de bicicletas e não impede que outros setores, com por exemplo o atendimento no balcão da unidade, funcionem.

Desde o início do movimento grevista, a gerência do CDD fechou as portas da Unidade alegando que o atendimento havia sido suspenso por causa da greve. Fato desmentido pelos grevistas que tem permanecido na porta da agência explicando para os clientes que a greve atinge apenas os carteiros de bicicleta.

Com falácias, a agência conseguiu uma liminar para que os grevistas “desobstruíssem” os serviços. “Foi uma liminar induzida pelas mentiras do departamento da empresa porque em nenhum momento impedimos os atendimentos dos que procuraram a agência, eles usaram imagens de greves anteriores ”, disse o dirigente sindical, Luciano Gomes.

A GREVE – No dia 15, os trabalhadores da unidade decidiram entrar em greve pelo direito de exercer a função para qual tinham feito concurso: entregar cartas nas residências. Acontece que há quase dois meses, sete trabalhadores daquela unidade foram impedidos de sair para entregar cartas. Eles são os carteiros de bicicletas. Além disso, eles também são testemunhas do acúmulo de correspondências não entregues nas residências e, vencidas, que são estocadas em sacos dentro do CDD VG e de crimes que estão sendo praticados em nome de uma suposta revitalização operacional.

O diretor jurídico do Sindicato, o advogado Alexandre Aragão, informou que a greve é pacifica. “Além de cruzar os braços, os carteiros aproveitam para explicar às dezenas de clientes que diariamente vão na agência buscar sua encomendas ou carta; explicar que se sua encomenda chega com atraso e muitas vezes não chegam a culpa não é do carteiro, mas da agência”, disse o diretor.

Segundo Luciano Gomes são milhares de cartas ensacada e que eles tratam como refugo, “mas na verdade são correspondências que foram pagas pela sociedade e que não estão sendo entregues”.

SOBRECARGA – Com a retirada dos sete carteiros de bicicleta acabou sobrando para os trabalhadores que estão saindo às ruas de motocicleta com sobrecarga de trabalho. O percurso deles dobrou. Antes esses saiam de moto percorriam entre 35 a 40 quilômetros por dia e agora estão percorrendo no mínimo 80 quilômetros por dia. Antes saiam com 90 encomendas agora saem com 240 e chega na maioria dos casos a 300 encomendas para um só carteiro entregar. “Isso é impraticável”, enfatiza Aragão

No despacho do MPT, o procurador do trabalho, Beuno Choairy Cunha de Lima, deu um prazo de dez dias para a ECT se pronunciar, “caso em que haverá a designação de audiência administrativa telepresencial”.