O Ministério Público Estadual (MPE) e a Defensoria Pública Estadual (DPE) recomendaram ao secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, para ampliar, inicialmente, em 15 novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) a capacidade dos hospitais de Cáceres, a 250 km de Cuiabá. Os leitos deverão ser disponibilizados para atender pacientes diagnosticados ou com suspeita de Covid-19.
A segunda morte por causa da doença registrada no estado foi em Cáceres. Um servidor público aposentado, de 82 anos, estava internado no Hospital São Luiz e tinha viajado a São Paulo.
Segundo o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde (Ses), 134 casos foram confirmados em Mato Grosso, até a última segunda-feira (13). Desses casos, quatro pacientes morreram.
De acordo com a recomendação do órgãos, o prazo é de 30 dias, dada a urgência do caso e a complexidade da operação.
A promotoria considerou, como base para a recomendação, um estudo realizado pelo governo do estado, por meio do Escritório Regional de Saúde de Cáceres, que aponta, em um cenário otimista, a contaminação de 43% da população da região Oeste de Mato Grosso, em três meses.
Diante dessa possibilidade, seriam necessários 48 novos leitos para atender às demandas de internações em UTI por Covid-19.
Acrescentando uma margem de segurança de 20%, a região necessitaria de 58 leitos.
O estudo “Necessidades de Leitos de UTI para atendimento aos casos de Covid-19 em Cáceres e Região” menciona que a necessidade de leitos de UTI acontece pelo sistema já apresentar um alto número de demanda, que pode exceder em muito a capacidade dele, causando aumento de óbitos e maior risco de contaminação entre os profissionais de saúde”.
Conforme apontado no levantamento, em 2019 ocorreram 783 internações nas UTIs de Cáceres, sendo 224 no Hospital Regional Antônio Fontes e 559 no Hospital São Luiz.
“A UTI do Hospital Regional Antônio Fontes é vocacionada para os casos de trauma e emergência, com taxa de ocupação próxima de 100% frequentemente; enquanto a UTI do Hospital São Luiz é vocacionada para casos clínicos, com taxa de ocupação mensal de 95%”, diz trecho do estudo.
Dessa forma, a promotoria conclui que a quantidade de UTIs existentes não são suficientes para a demanda gerada pela Covid-19.
O MPE e a DPE apontam que, em qualquer cenário, serão necessários novos leitos de UTI, especialmente se forem consideradas as distâncias geográficas entre os municípios da região Oeste do estado e o fato de que a doença apresenta alta infectividade, expondo profissionais médicos e enfermeiros em viagem de acompanhamento do paciente em ambiente limitado e fechado”, narra o estudo epidemiológico realizado por professores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).