O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) apresentou memoriais finais à 12ª Vara Criminal de Cuiabá, reforçando as acusações contra Etevaldo Luiz Caçadini, apontado como o intermediador do assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em dezembro de 2023 em Cuiabá. O crime, que também envolve os réus Antonio Gomes da Silva e Hedilerson Fialho Martins Barbosa, todos denunciados por homicídio qualificado, levou ao menos três meses entre a cogitação, planejamento e execução. Na peça, o MP requereu a manutenção das qualificadoras e a submissão dos réus ao Tribunal do Júri.

Conforme relatado pelo MPMT, Etevaldo teria contratado Antonio e Hedilerson para executar Zampieri, oferecendo R$ 40 mil pelo serviço, dos quais R$ 20 mil foram pagos antecipadamente em espécie. A investigação revela que Antonio se aproximou da vítima em novembro de 2023, utilizando um falso pretexto de contratar seus serviços profissionais. No dia 5 de dezembro, Antonio, auxiliado por Hedilerson, emboscou e atirou contra Zampieri em plena via pública, utilizando uma pistola que pertencia a Hedilerson.

“Após estarem devidamente ajustados, Antonio Gomes, em novembro de 2023, se dirigiu até esta cidade e procurou a vítima sob o falso pretexto de contratar seus serviços profissionais, relatando que teria um sobrinho que residia no Texas/EUA e que ele tencionava adquirir uma propriedade rural para criar vacas que produzissem leite NAN”, diz trecho do documento.

Os memoriais do Ministério Público destacam a robustez das provas coletadas. Entre elas, a apreensão de um celular em poder de Etevaldo contendo uma imagem da fachada do escritório de Zampieri, registrada em outubro de 2023, cerca de dois meses antes do crime. Além disso, diálogos recuperados no aparelho mostram Etevaldo coordenando os passos do crime com Hedilerson, que desempenhava o papel de intermediário com Antonio, o executor.

Um áudio foi citado como especialmente incriminador, no qual Etevaldo menciona estar “organizando a vinda a Cuiabá para pegar materiais do empreiteiro” (referindo-se a Antonio), uma clara alusão ao assassinato de Zampieri.

“Em outro áudio esclarecedor sobre a participação de Etevaldo, ele afirma estar organizando a vinda a Cuiabá a fim de pegar materiais (pratos e talheres) do ‘empreiteiro’ (se referindo a Antonio) deixados/perdidos na festa, fazendo uma clara alusão ao evento que vitimou Roberto Zampieri em 05/12/2023”, diz trecho do documento.

O Ministério Público defende a manutenção das qualificadoras do crime, como o motivo torpe (mediante paga e promessa de recompensa), o uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e o emprego de arma de fogo de uso restrito. Tais qualificadoras, segundo o MPMT, são consistentes com as provas apresentadas e devem ser apreciadas pelo Tribunal do Júri.

Os promotores Samuel Frungilo, Vinicius Gahyva Martins, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, e Jorge Paulo Damante Pereira assinam os memoriais finais e reforçam o pedido para que a denúncia contra os três réus seja julgada procedente.

“Ante o exposto, o Ministério Público de MT requer que seja julgada procedente a denúncia, a fim de pronunciar os acusados Antonio Gomes da Silva, Hedilerson Fialho Martins Barbosa e Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas como incursos nas sanções do artigo 121, parágrafo 2º, incisos I (mediante paga e promessa de recompensa), IV (recurso que dificultou a defesa da vítima) e VIII (emprego de arma de fogo de uso restrito), c/c artigo 29 (concurso de agentes), ambos do Código Penal”, finalizam o pedido.

MANDANTE

De acordo com as investigações, o mandante do crime seria o empresário Aníbal Laurindo que havia perdido uma disputa de terras com Zampieri. Temendo que acontecesse o mesmo com áreas do irmão, ele teria ordenado a morte do advogado. Para isso contou, em tese, com a ajuda de Etevaldo, a quem teria conhecido num grupo de simpatizantes do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro.

(HNT)