O promotor de Justiça Jaime Romaqueli, da 26ª Promotoria Criminal do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), é contra o pedido de prisão domiciliar feito por Carlinhos Bezerra, que atualmente cumpre prisão preventiva pelos assassinatos da ex-companheira Thays Machado, 44, e seu namorado, William Cesar Moreno, 30. A defesa argumenta que o réu passará por uma cirurgia oftalmológica na terça-feira (19) e solicitou que ele permaneça em prisão domiciliar para a recuperação.
No entanto, o promotor destacou que o pedido de prisão domiciliar seria uma tentativa “desesperada” do réu, que é filho do ex-deputado Carlos Bezerra, após perder o último recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Com essa decisão, foi mantida a decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) de levá-lo ao tribunal do júri por duplo assassinato e feminicídio.
“Agora, em novembro de 2024, sabendo que o último recurso foi denegado e que terá que ser submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, vem a defesa do réu, desesperadamente, postular prisão domiciliar após a realização de cirurgia de catarata, sob o pretexto de que o presídio Ahmenon, em Várzea Grande, onde se encontra, não tem condições de higiene necessárias para sua recuperação”, explicou.
Outro ponto levantado pelo promotor é que Carlinhos já havia sido beneficiado, após vários pedidos de habeas corpus, pela concessão de prisão domiciliar em novembro de 2023, alegando ser portador de uma doença que não poderia ser tratada no interior da prisão. Após 90 dias, a Justiça concluiu que sua condição de saúde não apresentava um “quadro de extrema debilidade”. Além disso, ele teria descumprido várias das medidas cautelares impostas.
“Após o prazo de 90 dias, foi constatado que o requerente não apresentava o quadro de extrema debilidade para a manutenção da liberdade provisória humanitária, além de ter descumprido as obrigações impostas na decisão que concedeu o benefício, inclusive circulando pela cidade acompanhado de seguranças armados”, argumentou.
Romaqueli finalizou suas considerações afirmando que o réu está em boas condições de saúde, desde que siga o tratamento para controle do diabetes, e que a cirurgia de catarata é um procedimento considerado simples. “A permanência do acusado no presídio, com as devidas adaptações para manter um ambiente limpo, é suficiente para atender às exigências médicas pós-cirúrgicas”, argumentou.
O promotor também sugeriu alternativas, como a transferência de Bezerra para uma unidade prisional com melhor estrutura, caso o presídio onde se encontra não tenha condições de atender aos requisitos.
“Obtivemos informações de que, no período em que o réu Carlos Alberto Gomes Bezerra esteve no presídio da Mata Grande, logo depois da prática dos crimes, ficava em uma ala com bastante privacidade e comodidade, convivendo com no máximo 20 detentos, onde tinha geladeira (já que alega ser necessária para a conservação dos medicamentos) e toda a estrutura para garantir dignidade aos presos”, finalizou.
O CRIME
O crime ocorreu em janeiro de 2023, quando Carlinhos Bezerra, insatisfeito com o fim do relacionamento com Thays Machado, surpreendeu a ex-companheira e William Moreno em frente ao Edifício Solar Monet, em Cuiabá. O autor disparou diversos tiros de dentro de seu veículo, atingindo Thays três vezes e William no braço e no peito, levando ambos a óbito.
Thays Machado, que era servidora do Tribunal de Justiça, havia registrado um boletim de ocorrência poucos dias antes de sua morte, relatando ameaças feitas pelo ex-marido. Em um dos episódios, Carlinhos compareceu ao Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, e ameaçou Thays verbalmente. Este evento motivou o registro de uma ocorrência na quarta-feira, dia de sua morte.
(HNT)