O procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, Deosdete Cruz Junior, recebeu nesta segundafeira (02) a líder do Centro Espírita Nossa Senhora da Glória e presidente da Associação dos Umbandistas do Estado de Mato Grosso, Onilce Santana, a “Mãe Nilce”, que solicitou apoio do Ministério Público no sentido de repudiar e agir contra eventuais manifestações de preconceito ou intolerância religiosa contra os praticantes da religião umbandista em decorrência da recente prisão de um advogado, que se apresentava como líder espiritual de matriz africana, acusado de prática de abuso sexual por várias mulheres. Também participou da audiência o jornalista Abraão de Arruda Ribeiro, cambono-chefe de Umbanda.
Primeiramente, queremos esclarecer que a notícia publicada pela Imprensa faz referência como criminoso a um ‘Guia Espiritual’. Queremos salientar que em nosso meio, o chamado Guia Espiritual se refere a uma Entidade de Luz. Especificamente no caso citado, o elemento indicado é um Pai de Santo, se é que podemos chamá-lo assim. A credibilidade de nossa religião não pode ser manchada por essa atitude deplorável, insana, criminosa”, afirmou Mãe Nilce, referindo-se aos crimes imputados ao advogado denunciado por 13 mulheres.
“Nós contamos com o Ministério Público Estadual na defesa da liberdade religiosa, e sabemos que aqui encontramos essa segurança. Mas a segurança para os umbandistas sérios, honestos, de bom caráter. Para aqueles que usam da nossa religião para praticar crimes, abusos e ilícitos, temos a plena consciência de que o MP está vigilante e atento para agir dentro da legalidade, trazendo a punição correta para esses malfeitores que usam o nome da umbanda de forma indevida”, acrescentou o jornalista Abraão Ribeiro, que também é umbandista.
O procurador-geral de Justiça observou que a liberdade religiosa é assegurada pela Constituição brasileira e, entre as atribuições do Ministério Público está a defesa do livre exercício de qualquer religião. “Um dos papéis do Ministério Público é combater toda forma de preconceito e intolerância, incluindo a religiosa. Por isso, diante desse lamentável acontecimento envolvendo um indivíduo que se apresentava como líder da religião umbandista para praticar abusos contra mulheres, ficaremos atentos a quaisquer atos ou manifestações preconceituosas contra os centros de umbanda e as pessoas adeptas da religião”, alertou Deosdete Cruz Junior.
“As religiões de matrizes africanas, historicamente, sofrem discriminação no Brasil, infelizmente. Portanto, essa é uma questão que nos preocupa e o Ministério Público agirá contra qualquer manifestação de preconceito e intolerância”, acrescentou o procurador-geral de Justiça.
ORIGEM – A umbanda é uma religião brasileira resultante da mistura de elementos de religiões africanas, indígenas, orientais e europeias (catolicismo e espiritismo kardecista). Por seu aspecto mestiço e sincrético, a umbanda é considerada uma religião genuinamente nacional.
Uma versão bastante difundida sobre a origem dessa religião diz que ela nasceu durante uma sessão espírita no dia 15 de novembro de 1908, na cidade de Niterói (RJ). É por isso que no dia 15 de novembro se comemora o Dia da Umbanda.
(Folha Max)