O vice-presidente Hamilton Mourão defendeu nesta segunda-feira a realização da Copa América no Brasil e atacou Tite, técnico da Seleção. Mourão disse, sem citar o nome de Tite, que se o treinador “não quer mais”, pode “pedir o boné”, porque “o Cuiabá está precisando de um técnico”.
Na chegada ao Palácio do Planalto na manhã desta segunda-feira, Mourão foi questionado sobre postura crítica de jogadores e da comissão técnica em relação à Copa América no Brasil em meio à pandemia de Covid.
– Não vou entrar nessa discussão. Eu acho que faz parte dessa disfuncionalidade que nós estamos vivendo. Eu sou do tempo que jogador de futebol, quando era convocado para seleção brasileira, era considerado uma honra. O técnico, ele não quer mais, não quer, o Cuiabá está precisando de um técnico, aí, não tá? Então, sai, pede o boné. Acho que isso é uma discussão, neste momento, totalmente disfuncional – disse Mourão, fazendo coro com manifestações de defensores do governo.
Bolsonaristas estão atribuindo a Tite a resistência da seleção a participar do torneio. No entanto, o movimento contra a Copa América ganhou força com a insatisfação dos jogadores.
Os atletas não gostaram da forma como o presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, comunicou que o torneio seria no Brasil.
O Brasil aceitou sediar a Copa América a menos de duas semanas antes do torneio. A Argentina, que seria a sede original, desistiu devido à disparada da pandemia naquele país. O governo federal deu o aval para a vinda da competição e transformou a questão numa prioridade política.
Jogadores da seleção disseram que só vão se manifestar nesta terça-feira, após o jogo contra o Paraguai pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022.
Na única entrevista de um jogador da Seleção nos últimos dias, o capitão, Casemiro, disse que “nosso posicionamento todo mundo sabe”. Ele afirmou ainda que a posição é unânime, partilhada por jogadores e pela comissão técnica.
Crise na CBF
Um novo ingrediente foi adicionado à crise no domingo, quando a comissão de ética da CBF decidiu afastar por 30 dias o presidente Rogério Caboclo. Caboclo é alvo de uma denúncia de assédio sexual e moral, feita por uma funcionária da CBF.
A relação de Caboclo com os jogadores já estava desgastada devido à forma como o elenco se sentiu tratado ao ser comunicado da mudança de sede da Copa América. (Globo Esporte)