Uma área retangular, cercada por cinquenta e seis pedras voltadas para um banco de laterais íngremes intriga cientistas desde que foi descoberta em 1987, no Reino Unido. Conhecido como “Salão do Rei Arthur”, em alusão ao lendário rei britânico, os arqueólogos inicialmente acreditavam que o monumento pudesse ter sido erguido na era medieval.

O monumento, localizado no condado da Cornualha, foi associado a lenda do Rei Arthur por conta de um registro histórico de 1954, que sugere que o antigo monarca poderia ter frequentado o local. No entanto, análises detalhadas revelaram que a estrutura, na verdade, remonta ao neolítico, datando de aproximadamente 4 mil anos atrás. A novidade foi divulgada pelo jornal britânico BBC na última quarta-feira (6).

Ao redor do círculo, foram encontradas marcas de cabanas e vestígios de fogueiras, que apontam a presença de acampamentos humanos. Até então, existia a hipótese de que o lugar tivesse funcionado como um curral para animais no período medieval — que durou do século 5 até o 15.

Contudo, uma suspeita de que o lugar poderia ter raízes pré-históricas levou o Cornwall National Landscape, órgão responsável pelos sítios arqueológicos da região, a encomendar uma escavação para melhor investigar suas pedras.

Utilizando diferentes técnicas arqueológicas, como a luminescência opticamente estimulada (OSL) e a datação por radiocarbono de elementos, o projeto começou seus trabalhos em 2022.

Arqueólogos de universidades do Reino Unido se juntaram para a escavação — Foto: Historic England
Arqueólogos de universidades do Reino Unido se juntaram para a escavação — Foto: Historic England

Os resultados confirmaram a suspeita: foi revelado que as pedras datam de aproximadamente 5 mil a 5.500 anos atrás.

Segundo o arqueólogo, a dificuldade em determinar a época da construção do monumento também estava ligada à sua singularidade. Não há registros de estruturas semelhantes, seja no período medieval ou na pré-história, que combinem com a estrutura retangular de terra e pedra encontrada no “Salão do Rei Arthur”. Por isso, era difícil estabelecer comparações diretas.

Porém, com a descoberta da data do seu surgimento, é possível afirmar que o local passou por diversas modificações ao longo de sua história, incluindo adaptações até o período medieval. “Saber quando o ‘Salão do Rei Arthur’ foi construído nos ajudará a entender melhor a forma única deste monumento, como ele pode ter sido usado originalmente e como pode ter sido usado ao longo do tempo“, explicou James Gossip, arqueólogo chefe da escavação, em entrevista ao jornal The Guardian.

Mais pesquisas sobre os sedimentos encontrados são necessárias para melhor entender a funcionalidade do local, além de trazer mais informações sobre as populações que habitaram a região da Cornualha. O monumento está disponível para visitação pública, porém especialistas alertam que os visitantes devem ter cautela para não interferir na estrutura, que enfrenta riscos de erosão.

(Redação Galileu)