O ministro da Justiça Flavio Dino destacou, em entrevista concedida na manhã desta quarta-feira (26), a importância da união dos governos municipais no combate ao crime organizado. Nesta terça-feira, ele se reuniu com representantes das cidades com maiores índices de mortes violentas do país, conforme o Anuário da Segurança Pública, divulgado na última semana, em que Sorriso (397 km de Cuiabá) aparece em sexto lugar do país. Ele vê a participação das gestões municipais como um ingrediente a mais para combater o problema.

“Algo de fundamental importânica durante um encontro com os representantes das cidades que tiveram os maiores casos de mortes intencionais e violentas do país é a aproximação dos governos locais, que vejo como fundamental importância, no combate ao crime organizado, principalmente nestas cidades em que os indicies de violência foram muito altos, para que possamos, o mais rápido possivel, dimunuir estes números”, ponderou o ministro em entrevista à Rádio Centro América.

Dino ainda destacou que o governo federal irá investir cerca de R$ 100 milhões para criação de uma ação integrada no combate a facções criminosas e que Sorriso será uma das prioridades neste investimento.

“Após uma reunião com o governador Mauro Mendes, o presidente determinou a criação de uma força-tarefa que visa à aproximação da Polícia Federal com estes municípios, e claro que Sorriso será uma priopridade. Esta ação terá como foco reduzir estes índices de violência, que subiram tanto nos últimos anos com o governo anterior”, enfatizou o ministro.

O governador Mauro Mendes, em entrevista coletiva cedida no dia 21 de julho, disse que o governo toma as providências cabíveis e oferece todo apoio à polícia para combater a criminalidade na região. Ainda fez duras críticas à lei brasileira, no âmbito criminal.

“O governo toma providências todo dia. Mas todos sabem que aqueles números representam uma guerra de facções, que é bandido matando bandido. Mas, claro que a polícia tá prendendo. É só olhar a quantidade de operações que a Polícia Civil deflagrou naquela região. Mas, é o que sempre falo, o problema do país é que a lei é frouxa para combater o crime. Tanto que o número de criminalidade nos últimos anos só aumentou. Portanto, enquanto não mudar a lei, nós vamos ficar aqui enxugando gelo”, disse o governador.

Já o delegado Bruno França, que atua na região, contou para o HNT que o aumento do índice de homicídios na cidade se iniciou quando membros do Comando Vermelho, irritados com as lideranças, saíram da facção e criaram a ‘Tropa Castelar’, uma nova organização criminosa que buscava conquistar os territórios do CV para a venda de drogas.

Ele ainda contou que a investida da nova facção acabou sendo frustrada rapidamente, porque a organização não tinha gente ou dinheiro suficiente para rivalizar com o CV. Em seguida, o Primeiro Comando da Capital (PCC), considerada a maior organização criminosa do país, aproveitou-se da fraqueza e se uniu aos remanescentes da Tropa Castelar, o que acabou gerando uma guerra entre facções e, consequentemente, inúmeros homicídios em Sorriso.

O município de Sorriso, 6º brasileiro com maior índice de mortes violentas ao longo de 2022, o que já o concedeu o título de “Cidade do Crime”, mesmo sendo um dos mais ricos do Estado, teve uma taxa de mortes violentas de 70,5/100 mil habitantes no ano passado, conforme o 17º Anuário da Segurança Pública. A taxa média brasileira é de 19,5 a cada 100 mil.

(HNT)