A partir da análise de amostras coletadas na superfície do asteroide Bennu, que cruza a órbita da Terra a cada seis anos, pesquisadores da Nasa descobriram que o corpo celeste é rico em certos tipos de evaporito, variedade de rocha formada por sais de sódio e carbonato. A constatação surpreendeu os especialistas, uma vez que se percebeu que o material é o mesmo encontrado em abundância no Lago Searles, localizado no Deserto de Mojave, nos Estados Unidos.

A Nasa identificou a presença de diversas moléculas orgânicas na composição das amostras de Bennu, incluindo algumas que estão entre os ingredientes necessários para o surgimento e a manutenção da vida. Ao todo, 11 tipos já foram classificados, sendo que seis deles (trona, halita, pirssonita, thenardita, calcita e dolomita) podem ser encontrados no Lago Searles.

Embora os minerais descobertos em Bennu sejam bem mais velhos do que os do Lago Searles, os especialistas acreditam que eles tenham sido formados em condições igualmente salgadas e úmidas. A descoberta foi detalhada em um artigo publicado na última quarta-feira (29) na revista Nature.

Uma imagem capturada pelo instrumento Operational Land Imager (OLI) a bordo do satélite Landsat 8, que mostra as margens secas do lago, foi divulgada nesta segunda-feira (3) pelo blog Earth Observatory, da Nasa, como a “imagem do dia”. Por décadas, garimpeiros se reuniam nessa mesma região para escavar depósitos de minerais preciosos.

Coleta de amostras espaciais

Em setembro de 2016, a Nasa lançou uma nave espacial do tamanho de uma van, a OSIRIS-REx em direção a Bennu, a bilhões de quilômetros do nosso planeta. Hipóteses sobre o asteroide, que apresenta um formato de diamante, sugerem que ele tenha se formado por meio de fragmentos de um asteroide maior que, por sua vez, se partiu entre 1 e 2 bilhões de anos atrás.

Quatro anos depois, em setembro de 2020, a OSIRIS-REx finalmente alcançou Bennu e pousou sobre a sua superfície. Por lá, o veículo espacial coletou aproximadamente 120 gramas de asteroide esfarelado e o armazenou com segurança antes de retornar à Terra.

Veja o vídeo de representação da missão:

Mais três anos se passaram até que, finalmente, em setembro de 2023, a espaçonave voltasse à órbita da Terra e conseguissem lançar uma cápsula do tamanho de uma mini-geladeira de paraquedas em Utah, nos EUA, com a amostra. Desde então, os cientistas têm conduzidos experimentos com o material.

Os especialistas esperam que, com base nesses novos achados, eles consigam avançar com seus estudos sobre a geologia planetária e espacial. Mais do que só entender os processos de formação de Bennu, eles pretendem explorar as possibilidades de formação de diversos corpos celestes nos primeiros dias do Sistema Solar.

(Por Arthur Almeida)