Recentemente, Cuiabá assistiu a um duelo eleitoral sem precedentes. Emanuel Pinheiro (rotulado de político analógico) versus Abílio (chamado de político digital), óbvio que isso não reflete a absoluta verdade dos fatos; mas, ainda que parcialmente, não deixa de ser verdadeiro. O que se pode inferir é que a equipe de marketing digital do candidato derrotado foi muito superior à do vencedor; porém, somente a supremacia digital não é suficiente para garantir a vitória de nenhum candidato. Mais do que a inserção no universo digital, é necessário uma estratégia de marketing digital.

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A pandemia acentuou a tendência contemporânea de identidade. Atualmente, temos uma identidade expandida e fluida, na qual o virtual e o artificial mesclam-se ao real e ao natural. Essa mistura abre novos caminhos e possibilidades na forma de perceber as tendências comportamentais do eleitor. Um dos erros crassos de muitos que tentam “ler” o momento é não considerar, por exemplo, o Facebook; o whatsApp; o Twiter e o Instagram como tecnologias disruptivas. Claro que são. E são pelo simples fato de serem novas, eivadas de particularidades tais como: velocidade; capilaridade e conectividade que, certamente, interferem na maneira de nos comunicarmos, nos relacionarmos e  de interagirmos com o cotidiano.

O uso planejado dessas mídias sociais pode gerar uma identidade entre o candidato e os eleitores. O que aconteceu em Cuiabá foi simplesmente que o candidato com maior inserção digital incorreu em erros básicos: explicitou seu autoritarismo; incentivou o discurso do ódio e propagou as fake news. Essa combinação de fatores foi decisiva para que o eleitorado construísse uma imagem  negativa de Abílio, levando-o à derrota no segundo turno, apesar das fragilidades do seu oponente.

2022 chegou primeiro que 2021. Quem pretende se candidatar, independentemente do cargo eletivo, tem de dar atenção às mídias sociais. Quando nada elas poderão possibilitar a inserção do candidato em grupos com valores e afinidades semelhantes à sua identidade; ampliar exponencialmente a sua visibilidade; contribuir para a construção de suas narrativas; e  extrapolar sua territorialidade política.

Aqueles que entenderem que o mundo mudou e mudou drasticamente, entenderão que tudo está politizado pelas redes sociais: os consumidores politizam o consumo; os cidadãos participam ativamente da política opinando e o direito a voz (mesmo que virtual) garantiu o empoderamento àqueles que sempre estiveram à margem da sociedade.

Ninguém que pretenda concorrer nas próximas eleições poderá ignorar as sábias palavras do austríaco Peter Drucker (1909 – 2005): “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo.”

*SÉRGIO  EDUARDO CINTRA   é professor de Linguagens e de Redação em Cuiabá. Foi vereador em Cuiabá, Secretário de Cultura e Diretor Executivo da Funec. 

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