Pensado desde 2011, o projeto de revitalização do Mercado do Porto, em Cuiabá, está próximo da concretização. As obras da segunda etapa da reforma estão dentro do cronograma estabelecido e os permissionários devem ser transferidos para o novo espaço em novembro. Entretanto, os transtornos não deixam de acontecer. Com as bancas de verduras e alimentos perecíveis instaladas improvisadamente no estacionamento, os feirantes relatam perda de mercadorias e queda no movimento.

primeira parte, com 54 boxes definitivos, foi entregue em julho de 2023 e custou R$ 13 milhões. Já o projeto da segunda etapa foi orçado em R$ 7 milhões, contendo mudança nas telhas, implantação de sistema de drenagem, água e elétrica modernizado.

Patrimônio histórico, artístico e cultural imaterial, o Mercado do Porto abriga 162 permissionários, enquanto 87 deles estão sob tendas no estacionamento do local enquanto aguardam o término da obra. O presidente da Organização do Mercado do Porto, Junior Lemos, conta que os feirantes têm perdido mercadorias em razão da falta de estrutura.

“O pessoal está sofrendo bastante. A gente sabe que poderia ser pior, porque vamos lá poderia ser fechado como o Mercado Municipal. Aqui foi proposto as tendas e os feirantes aceitaram esse prazo, que está perto de ser concluído. Mas, mesmo assim, os feirantes estão sofrendo bastante perdas de produtos, por causa do calor, e tendo bastante prejuízo”, explica.

O espaço de tendas para os feirantes é dividido com diferentes setores – açougues, peixarias, verduras, temperos, frutas, entre outros – e climatizados com um sistema de ar-condicionado de teto ao centro de cada uma das tendas. A iluminação é precária e não há muito espaço para se movimentar entre as bancas, visto que os corredores são estreitos.

“Se você for lá, você sente na pele. Você vai falar: “Poxa, está quente mesmo”. Isso acelera todo o processo. Você pega a banana verde de manhã, quando é a tarde ela já está madura. Nós estamos perdendo muita mercadoria. Nós temos o projeto Geladeira Solidária e, depois que o pessoal foi para as tendas, as doações dobraram”, contou Junior.

Annie Souza

�rea improvisada no Mercado do Porto

Prejuízos

A Banca do Carlinhos é uma das afetadas pelos transtornos da obra. Há 26 anos no Mercado do Porto, Carlos Gonçalves cuida da verduraria e frutaria que está na sua família há gerações. Com o calor e a pouca estrutura, o feirante se queixa da queda do movimento.

“Tem esse tipo de ar condicionado, que ajuda, mas, infelizmente, não é o certo. Lá [área da obra], o movimento era o dia inteiro. Aqui, passou das 10h, o cliente some. O cliente não vai largar de ir em mercado, que tem ar condicionado, tudo bonitinho. Ele vem aqui no final de semana e, às vezes, nem estacionamento tem, quente desse jeito. Junta com a perda de mercadoria”, comenta Carlos.

Ao ser realocado para as tendas, Carlos teve que diminuir seu abastecimento de produtos em quase 50%. “Nós pegávamos cinco, seis caixas de maçã. Hoje, só pegamos duas caixas. Isso com todas as mercadorias, na realidade”, explica o feirante.

Não são apenas os feirantes que estão no estacionamento que tem sentido os efeitos da obra. Willian Araújo, da loja Casa Araújo, está em um dos 54 boxes fixos entregues no ano passado. Para o permissionário, a parte ocupada no estacionamento prejudica a vinda de clientes.

“Como nós estamos do lado de uma área verde e não temos mais para onde expandir a parte desse estacionamento está sendo ocupado pelas tendas. Ninguém gosta de vir pra cá querendo consumir e não conseguir estacionamento. A gente queria que a obra estivesse mais rápida, mas não é o que acontece”, pontua.

De acordo com a Prefeitura de Cuiabá, os próximos passos na obra serão a preparação do piso para concretagem e aquisição dos climatizadores para o ambiente dos feirantes. A previsão é de que a abertura do Mercado para atendimento ao público seja feita no dia 17 de dezembro.

(Rdnews)