Gabriel Rodrigues, de 9 anos, que havia sido barrado em um bloqueio golpista a caminho do hospital, deverá passar por uma terceira cirurgia no olho. De acordo com o pai dele, o autônomo Éder Rodrigues, o procedimento será feito depois que o menino passar por avaliação médica, marcada para o dia 21 de dezembro.

O menino perfurou o olho em um acidente na escola e passava por vários exames para não perder a visão. Ele e o pai seguiam viagem de Sorriso, a 420 km de Cuiabá, com objetivo de retirar uma hérnia e drenar um coágulo no olho. Porém, no meio do caminho foram impedidos de passar por causa de um bloqueio golpista feito por bolsonaristas que não aceitam o resultado das eleições. Depois de viralizar nas redes sociais ao tentar negociar a passagem, em desespero, eles conseguiram fazer a cirurgia na capital a tempo.

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“Ele irá passar pela terceira cirurgia porque não conseguiu fazer o implante de lente, devido a algumas complicações. Por enquanto, temos que aguardar a recuperação dele para isso”, explicou o pai.

Entenda

O caso repercutiu nas redes sociais após um vídeo mostrar o desespero de Éder ao tentar negociar com o grupo contrário ao resultado da eleição presidencial. O menino estava em um ônibus com a mãe e outros 24 pacientes com exames agendados na Capital.

No vídeo, o pai conversa com o grupo. Mesmo após ouvirem que bloqueavam a passagem da criança com risco de perder a visão e de outros pacientes, participantes do protesto dizem que vão impedir a passagem.

“Vai a pé. De carro, não passa”, disse um dos homens.

O pai ainda insiste, mas um dos homens responde: “Eu não tenho problema com o olho do seu filho. Pega um avião e vai. Não vai passar”.

Ao g1, Éder contou que, mesmo com o apelo, os pacientes tiveram que passar por uma rota alternativa por uma propriedade rural. No bloqueio, segundo ele, havia cerca de dez homens e alguns deles seguravam facões e foices.

“Foi um sentimento de impotência e revolta. Quando um deles disse que não se importava que meu filho ficasse cego, me exaltei. Só me acalmei quando meu filho mais velho, de 13 anos, começou a falar comigo”, relatou.

Éder Rodrigues acompanha o filho Gabriel, 9 anos, que passará por cirurgia em Cuiabá. — Foto: Ianara Garcia/TV Centro América

Bloqueios

Desde o dia 24 de novembro, não há pontos de bloqueios ilegais em rodovias federais de Mato Grosso, segundo a Polícia Rodoviária Federal, depois de ações efetivas para liberar o tráfego em vias federais e estaduais por meio das forças de segurança, como Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, além da PRF, que enviou mais de 100 homens para auxiliar nas ações.

 Os atos golpistas começaram no dia 30 de outubro, após a apuração das urnas do segundo turno das eleições 2022, na qual Luiz Inácio da Silva (PT) foi eleito presidente.

Desbloqueio em um dos pontos em Lucas do Rio Verde (MT) — Foto: Reprodução

Desbloqueio em um dos pontos em Lucas do Rio Verde (MT) — Foto: Reprodução

Em Mato Grosso, a PRF registrou, no momento de maior impacto dos atos golpistas, mais de 30 pontos de rodovias federais interditadas. Em alguns deles, os participantes atearam fogo em pneus e bloquearam as pistas com montes de terra e apenas ambulâncias e pessoas com compromissos médicos eram autorizadas a passar.

Na última semana dos atos, a violência aumentou e crimes foram registrados, inclusive a tentativa de derrubar uma ponte e explodir uma estrada.

Em outro caso, a Polícia Militar prendeu três homens que furtaram pneus, incendiaram trechos de rodovias e trocaram tiros em perseguição com uma viatura. Um dos presos é Vilso Gabriel Brancalione, de 25 anos, é delegado suplente da Aprosoja, que representa produtores do estado. Um vídeo registrou o momento em que ele e outros homens agem em uma borracharia, onde uma mulher foi ameaçada com uma arma.

Além disso, um grupo armado ainda invadiu uma base da concessionária Rota Oeste, na divisa entre Lucas do Rio Verde e Nova Mutum. Nas imagens das câmeras de segurança, os criminosos atearam fogo na ambulância e em um guincho. Eles ainda atiraram no rádio de comunicação dos funcionários que usavam nas operações de atendimento na rodovia.

 

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