A médica Dieynne Saugo foi transferida de avião na noite dessa quinta-feira (3) do Complexo Hospitalar de Cuiabá (MT) para o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP).

Dieynne estava internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde domingo (31) após ter sido picada por uma cobra jararaca durante um banho na Cachoeira Serra Azul, em Nobres, a 151 km de Cuiabá (MT).

Ela foi picada duas vezes, no rosto e no pescoço, e seu caso é considerado grave.

A família disse que optou pela transferência porque os leitos dos hospitais de Cuiabá estão lotados por causa da pandemia da Covid-19 e também porque os médicos especialistas estão sobrecarregados.

Dieynne passou por transfusão de sangue na tarde de quinta-feira (3). Antes, na terça-feira (1°), a médica já havia passado pelo procedimento de traqueostomia (pequena abertura na traqueia) para desobstruir as vias aéreas, que estavam comprometidas em 70%.

Agora, a expectativa é que Dieynne passe por uma cirurgia no braço, em São Paulo, nesta sexta-feira (4).

A família faz uma vaquinha online para pagar as despesas da transferência e da internação na capital paulista. Segundo os familiares, o plano de saúde da médica é estadual e não cobre internação fora de Mato Grosso.

Ela chegou ao Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) vomitando sangue e com edemas. Após receber o soro antiofídico, ela foi encaminhada ao Complexo Hospitalar.

O local em que ocorreu o incidente fica a mais de 150 km do hospital. Foram cerca de 3 horas até chegar a unidade de saúde para a aplicação do soro.

Gravidade

O médico coordenador do Centro Antiveneno de Mato Grosso (Ciave), José Antônio de Figueiredo, disse que o caso da médica é considerado grave.

Ele explicou ao G1 que Dieynne teve picadas no rosto e no pescoço. Segundo ele, as vias aéreas ficaram comprometidas devido ao inchaço nessas regiões, o que acabou prejudicando a respiração da paciente.

Relembre o caso

Dieynne fazia um passeio em um dos pontos turísticos de Nobres quando ocorreu o incidente. A cobra despencou com a queda d’água da cachoeira e atingiu a médica que estava logo abaixo.

Um vídeo gravado no momento do acidente mostra a médica pedindo socorro.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado e encontrou a família a caminho do hospital. Ela foi encaminhada ao Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) para receber o soro e depois foi transferida para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular da capital.

Braço de Dieynne Saugo durante internação no Complexo Hospitalar de Cuiabá  — Foto: Arquivo Pessoal

Braço de Dieynne Saugo durante internação no Complexo Hospitalar de Cuiabá — Foto: Arquivo Pessoal

A pousada

Em nota, o Parque Sesc Serra Azul, responsável pela atração turística, informou que a equipe de saúde da pousada foi chamada imediatamente, deu todas as orientações e está acompanhando o caso desde então. Além disso, uma enfermeira e um médico do Sesc Pantanal acompanham o caso desde domingo.

Alguns internautas criticaram a falta do soro antiofídico na própria pousada para atender esses incidentes.

No entanto, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) informou, em nota, que não tem conhecimento de legislação que obriga pousadas e resorts próximos à Área de Preservação Ambiental (APA) a disponibilizarem soro antiofídico em caso de incidente com picadas de animais peçonhentos.

“Os soros antivenenos são disponíveis somente em unidades hospitalares com retaguarda para possíveis complicações, pois a aplicação do composto tem que ser feita com supervisão médica”, explica.

O Parque disse que, desde o funcionamento, em dezembro de 2011, quando a unidade foi aberta ao público, esta é a primeira vez que acontece um acidente desta natureza.