Não foi nesta sexta-feira que terminou a novela envolvendo o Campeonato Carioca. Após quatro horas de mediação no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) com Botafogo e Fluminense –aliados contra a volta dos jogos em junho devido ao quadro da pandemia do novo coronavírus no Estado –, Ferj e demais clubes do Rio, não houve acordo. Uma nova reunião virtual acontecerá neste sábado, às 11h (de Brasília), somente entre os clubes, a federação e a mediadora.

Só depois disso o presidente do STJD, Paulo César Salomão Filho, vai analisar as argumentações para tomar sua decisão ainda no sábado. Após a derrota no Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD-RJ) na última quinta-feira, Botafogo e Fluminense aguardam a definição do recurso em segunda instância. Após esgotarem a esfera desportiva, a dupla não descarta entrar na Justiça comum para mudar as datas de seus jogos dos dias 22 e 25 de junho para 1º e 4 de julho.

Apesar de não ter resolvido, a mediação é uma medida cada vez mais comum no ambiente jurídico fora do esporte. A reunião nesta sexta foi realizada através de videoconferência e teve como mediadoras as advogadas Juliana Loss, coordenadora do núcleo de mediação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e Ana Paula, da OAB/RJ. Também participaram:

  • Os clubes requerentes: Botafogo (pelo presidente Nelson Mufarrej, o dirigente Carlos Augusto Montenegro e o advogado Aníbal Rouxinol) e Fluminense (pelo presidente Mário Bittencourt e os advogados Lucas Maleval e Rafael Pestana);
  • O STJD (pelo presidente Paulo César Salomão Filho e o procurador-geral Felipe Bevilaqua);
  • O TJD-RJ (pelo presidente Marcelo Jucá);
  • A Ferj (pelo presidente Rubens Lopes, o vice-presidente Izamilton Gois, os advogados Sandro Trindade e Claudio Mansur e o diretor de comunicação Guto Seabra);
  • André Pedrinelli, médico do esporte da USP (Universidade de São Paulo)
  • E demais clubes da Primeira Divisão do Carioca: Flamengo (pelo presidente Rodolfo Landim, o diretor Bruno Spindel, o vice-jurídico Rodrigo Dunshee e o médico Marcio Tannure); Vasco (pelo presidente Alexandre Campello); America (pelo executivo Marco Antônio Teixeira); Americano (pelo presidente Carlos Abreu); Bangu (pelo presidente Jorge Varela); Boavista (pelo advogado Carlos Portinho); Cabofriense (pelo presidente Valdemir Mendes e gerente pelo Lucas Magalhães); Friburguense (pelo gerente José Eduardo Siqueira); Madureira (pelo presidente Elias Duba); Nova Iguaçu (pelo presidente Janio Moraes); Portuguesa (pelo presidente Marcelo Barros); Resende (pelo gestor Alberto Macedo) e Volta Redonda (pelo presidente Flavio Horta);

Fluminense e Botafogo argumentam que o pico de mortes por coronavírus no Estado do Rio de Janeiro, ocorrido há 15 dias, ainda está muito recente e não seria a hora de retornar. Diante da determinação da volta imediata, a dupla, cujos jogos estão marcados para os dias 22 e 26 de junho, pediu mais tempo para treinar, visto que estavam parados há cerca de três meses. Os tricolores voltaram aos treinos nesta sexta, enquanto os alvinegros, só neste sábado.

Convidado da reunião, o Dr. André Pedrinelli, médico do esporte da USP e membro do comitê de análise da Fifa, argumentou que os estudos científicos falam da necessidade de uma semana de treino para cada três ou quatro semanas de paralisação. Os jogos do Carioca estavam suspensos desde 15 de março. Entre os participantes, apenas o presidente do Vasco, Alexandre Campello, mostrou-se disposto a aceitar o adiamento das partidas, mas ainda dentro do mês de junho.  (Globo Esporte)