*JOSÉ AMILCAR BERTHOLINI DE CASTRO
Domingo de verão em Cuiabá, independente do horário matinal, o sol ilumina tudo e todos.
Caminhando com passos curtos na calçada da Av. Edgard Vieira, ao frescor emanado das árvores que habitam o bosque na Universidade Federal de Mato Grosso, o pai segurado nas mãos por seu filho, em um determinado momento estanca o caminhar e sob três mognos ainda adolescentes, admiram a obra de arte exposta ao mundo que por ali passa.
Os olhos do pequenino brilham como o sol diante daquela tela imensa em três dimensões.
Mais para frente, esculturas em arenito, que só permitem serem observadas de perto, como gárgulas protegem a entrada do Museu de Arte e de Cultura Popular.
Após o brilho no olhar do pequeno acostumar-se com aquelas expressões genuínas do poder da imaginação da espécie humana, ele pergunta ao pai: que lugar maravilhoso é esse?!
Diante da eufórica pergunta, na sombra de um oiti, defronte ao gigantesco portão de acesso ao saguão, agora lacrado, que estampa a criatividade de Vladimir Dias Pino, o pai senta-se com seu filho para lhe contar essa história.
– Filho, há 48 anos, no 17 de janeiro de 1974, esse Museu de Arte e Cultura Popular foi pensado e colocado em prática para, entre outras ações, prover acesso à essas manifestações artísticas, preservar a cultura popular mato-grossense, incentivar o surgimento de novos artistas plásticos e divulgar ao mundo as criações do engenho de nosso povo. Foi uma época em que a Universidade Federal de Mato Grosso adotou e colocou em prática políticas de extensão universitária diretamente ligadas ao processo de pesquisa e ensino, ampliando suas ações aos mais distantes lugares desse imenso Estado, disseminado um processo inclusivo e interativo do homem-natureza-universidade.
– A história de contribuição, transformação e disseminação da arte e da cultura popular no Estado de Mato Grosso, não pode e não será esquecida. Esses portões, agora fechados, precisam se abrir. A Universidade Federal de Mato Grosso precisa se abrir novamente para a nossa gente e para o mundo. Isso tem que acontecer logo, poisum museu, uma universidade sem pessoas é um espaço vazio, sem vida.
– Em outro domingo ensolarado voltaremos.
– A Universidade voltará!
– O Museu voltará!
– A vida voltará!
JOSÉ AMILCAR BERTHOLINI DE CASTRO é Doutor em História. Técnico Administrativo em Educação. NDIHR/IGHD/UFMT
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