Entre os 240 empresários e executivos que acompanharão o presidente Luis Inácio da Silva à China, 12 representam empresas de Mato Grosso. É a maior comitiva empresarial a acompanhar um presidente brasileiro em missão comercial internacional. O grupo empresarial de nosso estado exercitará a diplomacia comercial, atuando para expandir negócios com os chineses nos setores industrial, comércio e agropecuário. Na viagem, serão assinados mais de 20 acordos bilaterais nas mais diversas áreas, como redução de barreiras às exportações agrícolas, educação, finanças, investimentos, cultura, ciência e tecnologia e ações para reindustrialização do Brasil.

Um dos pleitos mais imediatos é o retorno das exportações de carne bovina pela China, após a suspensão ocasionada pelo caso atípico de “mal de vaca louca” em um animal no estado do Pará. O Brasil poderá, também, participar do programa prioritário e estratégico do governo chinês denominado Investimentos Globais em Infraestrutura (Belt&Road).

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Na última década, a China tornou-se a maior parceira comercial de Mato Grosso, o que justifica a importância que os empresários locais dedicaram à missão comercial naquele país. Em 2022, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior e do Centro Internacional de Negócios de Mato Grosso, da FIEMT, o estado exportou, em 2022, 32 bilhões de dólares. Desse montante, 43% foram para a China.

A despeito de muito concentradas em produtos primários e semi-manufaturados, as exportações tomaram dimensão econômica de grande relevância para a economia de Mato Grosso. Foi um dos fatores que mais impulsionaram a expansão da produção, competitividade e lucratividade da nossa economia e da aceleração da agroindustrialização do estado. A escala produtiva e competitiva que o estado atingiu exige a permanente expansão de mercados além fronteiras, colocando o comércio exterior como variável imprescindível para o progresso econômico e social. Natural, portanto, que os líderes empresariais locais participem de missões internacionais de comércio para garantir a consolidação, prospecção de novos negócios e atração de investimentos.

Nas últimas décadas, a economia de Mato Grosso apresenta performance vencedora, sendo a que mais cresceu entre as 27 unidades da federação, alavancada, principalmente, pelo setor agropecuário. O estado se tornou o maior produtor agropecuário do país e campeão nacional de produtividade e rentabilidade agrícolas. À guisa de comparação, com a colheita da safra de soja em 2023, 42 milhões de toneladas, Mato Grosso é o terceiro maior produtor de soja do mundo, atrás apenas dos EUA do próprio Brasil e à frente da Argentina que, por diversas razões, neste ano colherá apenas 25 milhões de toneladas da oleaginosa.

Mesmo sendo um caso inquestionável de sucesso, a matriz econômica do estado precisa ir além da produção de commodities agropecuárias. A literatura econômica sobre progressos econômicos e sociais não registra casos de países ou regiões que tenham se desenvolvido baseados apenas em um dos setores produtivos. Necessitamos, por conseguinte, modernizar o perfil econômico do estado, promovendo também a modernização e expansão da indústria, do comércio e do setor de serviços. Como fizeram os estados mais desenvolvidos do país, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Espirito Santo Rio de Janeiro e Minas Gerais. Todos esses estados possuem a agropecuária, indústria, comércio e serviços bem desenvolvidos. Se houvesse uma classificação dos estado brasileiros em desenvolvidos, em desenvolvimento e pobres, certamente Mato Grosso estaria classificado como “estado em desenvolvimento”. Precisamos passar para a primeira prateleira, a de estados desenvolvidos. Este é, a meu ver, o grande desafio de todos nós mato-grossenses: atingir o patamar de estado desenvolvido econômica e socialmente.

 

*VIVALDO LOPES DIAS   é professor e economista formado pela UFMT, onde lecionou na Faculdade de Economia. É pós-graduado em  MBA Gestão Financeira Empresarial-FIA/USP  

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