Os maranhenses, que foram mortos por um grupo alvo da Operação Kalýpto, foram atraídos por uma mulher até o local do sequestro, segundo o delegado da Polícia Civil responsável pelo caso Caio Fernando Alvares de Albuquerque. As investigações apontam que a suspeita teria pedido a troca de uma lâmpada na quitnet. Ao todo, sete envolvidos já foram presos e outros dois estão foragidos.
A operação foi deflagrada, na última terça-feira (24), e cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão contra integrantes de uma facção criminosa, que são investigados pelo sequestro, homicídio e ocultação de cadáver dos jovens.
“Nós já tínhamos indícios dessa mulher estar envolvida. No interrogatório, ela continuou mantendo a versão de que não morava no local quando houve os fatos, mas ela estava na quitnet ao lado quando tudo aconteceu. Ela teria atraído as vítimas até o local sobre a conversa da troca de uma lâmpada”, disse.
O delegado disse ainda que a mulher seria filha de um criminoso que liderava o tráfico de drogas, na região do Bairro Pedregal, que foi morto em 2015. Segundo a Polícia Civil de Mato Grosso, ela não tem antecedentes criminais.
Tiago Araújo, de 32 anos, Paulo Weverton Abreu da Costa, de 23 anos, Geraldo Rodrigues da Silva, de 20 anos e Clemilton Barros Paixão, de 20 anos, eram do Maranhão e vieram para Cuiabá em busca de trabalho.
De acordo com a Polícia Civil, na tarde em que as vítimas desapareceram, a jovem chamou Tiago e Paulo para que a ajudassem a trocar uma lâmpada na quitinete dela. Os rapazes a auxiliam, enquanto que os outros dois, Clemilton e Geraldo, estavam nas proximidades. Logo depois, os outros suspeitos teriam entrado no local e pegado as vítimas para serem torturadas e executadas.
Geraldo e Paulo trabalhavam como serventes de pedreiro, Tiago em uma empresa de asfalto e Clemilton era mecânico de motos.
Eles desapareceram das respectivas residências, no Bairro Jardim Renascer, no dia 2 de maio de 2021.
Operação Kalýpto contra grupo criminoso investigado pelo sequestro seguido de homicídio e ocultação de cadáver de quatro vítimas. — Foto: Polícia Civil
Entenda a Operação Kalýpto
Segundo a polícia, a operação investiga um grupo criminoso que determinou um “tribunal do crime” porque julgou que as quatro vítimas pertenciam a outra facção e, desta forma, resolveram assassinar os jovens.
Após o desaparecimento das vítimas, os familiares procuraram a Polícia Civil e registraram um boletim. Quatro dias depois, a equipe recebeu informações de que um morador do Bairro Jardim Renascer estaria envolvido no desaparecimento das vítimas.
A investigação apurou que as vítimas foram decapitadas, tiveram dedos amputados e, um do dos homens, foi atingido por um disparo no peito. Outras duas foram mortas com tiros na nuca.
Os suspeitos devem responder por homicídio triplamente qualificado – impossibilidade de defesa, motivo torpe e meio cruel – além de ocultação de cadáver, sequestro e integração de organização criminosa.
As equipes realizam buscas para descobrir a localização dos corpos das vítimas, que até o momento estão desaparecidos. Os quatro alvos da operação possuem antecedentes criminais e fazem parte de uma facção criminosa.
O delegado disse ainda que a família dos maranhenses tiveram que voltar para o estado de origem.
“As vítimas estavam aqui com a família à procura de empregos. Todos tiveram que voltar para não serem mortos”, disse Alvares de Albuquerque.
Sobre o suposto envolvimento das vítimas com facções criminosas, a Polícia Civil foi até o Maranhão para conversar com as famílias e os investigadores confirmaram que apenas um dos quatro maranhenses tinham algum envolvimento com a quadrilha.