O atacante Alef Manga vai desfalcar o Coritiba contra o Fluminense, na segunda-feira, às 19h. O duelo é válido pela 16ª rodada do Campeonato Brasileiro. Na manhã dessa sexta-feira, o jogador foi ao CT da Graciosa, mas não treinou com o grupo Alviverde.

Tudo isso um dia depois da revelação de um áudio e prints que constam na denúncia apresentada pelo Ministério Público de Goiás contra o jogador. Ele é suspeito de estar envolvido em um esquema de manipulação de cartão investigado pela Operação Penalidade Máxima.

O clube não confirma o afastamento de Manga. Desde que a denúncia foi divulgada, a diretoria disse que não irá se pronunciar sobre o caso. O futuro do atleta segue indefinido.

Ouça o audio

Na quinta-feira, o atacante havia treinado normalmente e esteve presente em vídeos e fotos divulgados nas redes sociais do Coxa.

Duas semana antes, o Coritiba recebeu duas propostas do exterior pela venda o atacante. Ambas foram recusadas.

Manga é acusado de ter manipulado um cartão amarelo em troca de receber R$ 45 mil reais de apostadores. O jogo em questão seria diante do América-MG, pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2022.

Entenda

O atacante e mais seis jogadores foram denunciados pelo MP-GO, na última quarta-feira, em nova fase da Operação Penalidade Máxima. Além deles, mais oito pessoas envolvidas na quadrilha também constam na denúncia. O MP-GO aponta que têm mais 13 partidas com suspeitas de manipulações de resultados na Série A do Campeonato Brasileiro de 2022.

ge teve acesso a arquivos do processo. Em um dos áudios, Manga chega a reclamar com Diego Porfírio sobre a demora no pagamento pelo cartão recebido no jogo contra o América-MG, pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2022.

Na conversa, o atacante é questionado se fará mais uma vez. Ele disse que faria contra o Corinthians, pela 37ª rodada do Brasileirão. Porém, ele terminou a partida sem nenhum cartão.

Porfírio já assumiu ter participado do esquema ao MP-GO e tem colaborado com as investigações. Ele admite ter indicado Manga aos apostadores.

— Eu te aviso. É que é foda, Porfírio. Eu nem estou falando mais com o seu amigo direito. Foi uma maior briga para receber esse dinheiro, sempre dava uma desculpa. Aí, depois que ele me pagou, toda hora mandava mensagem para fazer de novo, um atrás do outro. Eu falei que não era assim, que tinha que esperar um pouco. Aí, no próximo jogo, ele manda de novo. Eu falava que, se ficar tomando cartão assim, iam perceber, iam imaginar coisas. Ele não quis entender meu lado e eu bloqueei ele. Foi suado para pegar o dinheiro com esse cara. Não gosto de cara assim. É o nosso nome que está em jogo. Na hora de tomar o cartão a gente toma. Na hora de receber, um dia depois, ele fica que a bet não pagou, não entrou. Aí dá picadinho. Mó confusão — em áudio enviado para Diego Porfírio, no dia 1º de novembro de 2022.

Alef Manga chegou a ser afastado pelo Coritiba no dia 10 de maio após os primeiros prints de conversas com apostadores vazarem. O atacante foi reintegrado pelo clube, no dia 26 de maio, após prestar depoimento. Ele optou por ficar em silêncio nele. Nesse retorno, ele defendeu o Coxa em seis jogos e balançou as redes quatro vezes.

O atacante tem sido titular da equipe e só ficou de fora do último jogo, contra o Cruzeiro, para cumprir suspensão. No ano, ele disputou 25 jogos e marcou 13 gols pelo Coritiba.

Operação Penalidade Máxima

A Operação Penalidade Máxima já fez buscas e apreensões nos endereços dos envolvidos. As investigações começaram no final de 2022, quando o volante Romário, do Vila Nova-GO, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport, pela Série B do Campeonato Brasileiro.

Romário recebeu um sinal de R$ 10 mil, e só teria os outros R$ 140 mil após a partida, com o pênalti cometido. À época, o presidente do Vila Nova-GO, Hugo Jorge Bravo, que também é policial militar, investigou o caso e entregou as provas ao MP-GO.

A Justiça de Goiás aceitou, recentemente, a denúncia do Ministério Público na operação Penalidade Máxima II. Os atletas, que são investigados e defendem outros clubes, vão responder por envolvimento em esquema de apostas em jogos das Séries A e B do Brasileirão. A punição pode chegar a seis anos de cadeia. (GE)