Após o cancelamento do ano passado causado pela pandemia, a tradicional corrida de São Silvestre volta às ruas paulistanas nesta sexta-feira, 31, com a recomendação do uso de máscara durante a prova. A maioria dos competidores pretende correr sem máscara e uma pequena parcela não pretende dispensar o equipamento que ainda é obrigatório em lugares públicos na cidade de São Paulo para evitar a disseminação da covid-19. O uso da máscara vai modificar a “cara” da São Silvestre em seu retorno.
A prova terá largada na Av. Paulista, às 7h40 para as mulheres e 8h05 para os homens. Em 2020, a corrida não foi realizada. Por causa da pandemia de covid-19, a corrida acabou cancelada pela primeira vez desde que o evento foi criado, em 1925.
Principal corrida de rua da América Latina, a São Silvestre terá a participação de 20 mil corredores – a expectativa inicial dos organizadores era de 35 mil participantes. As incertezas sobre a realização do evento em função do avanço das variante Ômicron afastou os competidores. O réveillon da Paulista, por exemplo, foi cancelado para evitar aglomerações.
O regulamento da competição determina que o uso de máscara é obrigatório “durante todo o período de permanência na Arena da Prova Presencial que compreende as áreas de largada e chegada, incluindo a dispersão”. Ao longo do percurso, no entanto, o uso é apenas recomendado, assim como o porte de máscaras reservas. Isso significa que o próprio corredor decide se corre de máscara ou não. Somente atletas vacinados poderão participar da disputa. A prova será realizada sem a presença do público.
Protocolo semelhante foi utilizado na Corrida da Esperança, evento organizado pelo governo estadual para marcar a retomada das corridas de rua no final de novembro. De acordo com Paulo Carelli, presidente da Associação Brasileira de Corridas de Rua e Esportes Outdoor (Abraceo), não houve contágio no evento. “Os protolocos internacionais recomendam que seja feito dessa forma, com a flexibilição da máscara durante o percurso. Fica a critério de cada corredor”, diz Carelli.
Especialistas afirmam que há um risco baixo de contaminação em eventos esportivos ao ar livre, menor do que em bares e restaurantes.
O aposentado Abelardo Recco, de 62 anos, não vai correr de máscara, em sua 6ª participação na prova de rua mais tradicional do País. “Já tomei as três doses da vacina e confio nelas”, diz o corredor, que treina com a assessoria esportiva Find Yourself no Parque da Água Branca três vezes por semana.
“Já participei de quatro provas este ano, todas com protocolo de uso de máscaras, distanciamento e dispersão rápida. Não peguei covid! Acho que têm funcionado bem e os competidores respeitam direitinho”, completa.
O aposentado José Oswaldo Gonçalves Silva, 58 anos, reclama de falta de ar e de incômodo para também descartar o acessório. “Mas irei usá-la na largada, quando estiver no meio da multidão, e na chegada”, planeja o corredor de rua desde 2008.
Para o professor de Educação Fisica Wagner Bernardo Cardoso, de 41 anos, a máscara prejudicaria o ritmo forte que pretende adotar na prova. Ele vai para sua 16ª prova. “Eu vejo sentido em ambientes fechados, mas não ao ar livre, mas temos que aderir. Vou usar na largada e na chegada, mesmo não gostando”, afirma.
O representante comercial Maximario Souza, de 51 anos, não se sente seguro para tirar a máscara em 10ª participação na corrida. “Esta prova é o fechamento da temporada de corridas para mim. Eu me preparei com planilhas personalizadas do treinador até a alimentação com nutricionista esportiva. Vou ficar de máscara na largada e correr com ela”.
A esteticista Viviane Braz, 40 anos, pretende usar a máscara até onde for possível. “No percurso, é difícil ficar com a máscara. Em algum momento, vou ter de abaixar para respirar para não prejudicar a performance”, diz a estudante de Educação Física. (Terra/Com Estadão)