A mãe do agente socioeducativo Alexandre Miyagawa, Elia Miyagawa, afirmou que estar feliz e que a justiça “começou a ser feita” com a cassação do mandato do vereador Marcos Paccola (Republicanos).

O parlamentar teve o mandato cassado por quebra de decoro na tarde desta quarta-feira (5). Ele ainda é réu na Justiça. O agente socioeducativo foi morto a tiros no dia 1º de julho, no Bairro Quilombo, em Cuiabá.

“Eu não acreditava nisso, mas estou feliz. Começou a ser feita a justiça. Estou feliz mesmo”, disse ela após a sessão, em conversa com a imprensa.

Questionada se espera a condenação do Paccola na Justiça comum, ela disse que deseja a prisão dele.

“Que tenha justiça de verdade. Que ele seja preso por 30 ou 40 anos. Seria pouco. Ele matou meu filho, inocente, pelas costas. Isso não existe. Estou aliviada”, disse.

Pedido da sociedade

A mãe de Alexandre acompanhou a sessão que cassou Paccola junto aos amigos do filho, Jaqueline Souza Fortaleza e Adão Hermosa.

Para Jaqueline, os parlamentares acataram a um clamor da sociedade.

“Eles [vereadores] fizeram o correto. Se você observar nas redes sociais, a sociedade clamava por justiça nesse caso, não só os familiares e amigos”, disse.

“Não adianta ele querer sujar a imagem do Alexandre, porque até mesmo as pessoas que não o conhecem, estão a favor da família e querem vê-lo pagar pelo que fez. E ele vai pagar”, acrescentou.

Jaquelina disse que Paccola, durante a sessão, tentou macular a imagem de Alexandre. Isso porque, durante defesa, Paccola apontou relatos de que o agente tinha costume de sair bêbado e armado. Ele chegou a ler conversas íntimas de Alexandre e sua namorada.

“Ele não deu chance ao Alexandre [se defender]. O Alexandre se assustou com os tiros. Tanto que ele caiu de queixo [no chão]. O queixo dele ficou quebrado. Tudo que ele fala ali é um monte de mentira”.

“Estamos aliviados. Não vai trazer o Alexandre de volta. Mas estamos com sentimento de alívio, de justiça sendo feita”, emendou.

”O Paccola tentou descrevê-lo de uma forma, mas ele não é isso. Ele é um cara do bem. Não teve chance de reagir”

“Denegrir imagem”

O amigo de Alexandre, Adão Hermosa, assistiu a sessão com um papel colado não costas: “Foram três tiros”, em alusão aos disparos feitos contra o amigo. Segundo ele, “Japão” como era conhecido, era um homem de bem.

“O Japão era diferenciado. O Paccola tentou descrevê-lo de uma forma, mas ele não é isso. Ele é um cara do bem. Não teve chance de reagir, tomou três tiros pelas costas”, disse.

 

A cassação

Foram 13 votos favoráveis à cassação, cinco contrários, três abstenções e quatro ausências. Conforme o regimento interno da Casa de Leis, era preciso a maioria absoluta dos votos para que o mandato dele fosse cassado, ou seja 13.

No lugar de Paccola, deverá assumir a suplente Maysa Leão (Cidadania).

Após o anúncio da cassação disse ter se decepcionado com colegas que votaram pela sua cassação e os acusou de integrarem uma “organização criminosa”.

“Com alguns aqui eu não me decepcionei. Mas vereador Lilo, Sargento Vidal, vereador Rodrigo Arruda e Sá, eu me decepcionei muito. Eu não acreditava que os senhores faziam parte da maior organização criminosa que existe em Cuiabá. E eu vou provar”, disse.

Ele já anunciou que vai recorrer na Justiça da decisão da Câmara.

Fonte: MidiaNews