A mulher que foi presa suspeita da morte do próprio filho, Bryan da Silva Otani, de 4 meses, confessou o crime em depoimento à Polícia Civil de Sorriso (MT). Ramira Gomes da Silva, de 22 anos, foi presa ao fugir em uma embarcação em Porto Velho, Rondônia.
A Polícia Civil de Mato Grosso divulgou, nesta terça-feira (25), detalhes do depoimento da jovem após a conclusão da investigação. Bryan foi morto por asfixia e teve o corpo mutilado.
O G1 não localizou o advogado dela.
A mulher, de 22 anos, chegou em Sorriso nessa sexta-feira — Foto: Reprodução
Ramira confessou os crimes e foi indiciada por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Ela será transferida para a Penitenciária Ana Maria do Couto May, em Cuiabá.
Parte do corpo do bebê, que nasceu em 21 de dezembro de 2020, foi encontrada enterrada nos fundos da casa, no bairro Benjamin Raiser, onde a mãe morava há pouco tempo.
O menino sofreu mutilações após ser morto, tendo mãos e pés cortados, e o tronco foi enterrado em uma cova rasa cavada próxima a um tanque, nos fundos da casa.
O corpo somente foi descoberto depois que o cachorro de uma vizinha cavou o buraco e o desenterrou.
A partir da descoberta do corpo, no dia 17 de maio, três dias após o crime, a equipe da Divisão de Homicídios da Delegacia de Sorriso iniciou a investigação.
Corpo foi encontrado em quintal de casa em Sorriso (MT) — Foto: Divulgação
O delegado José Getúlio Daniel pediu à Justiça pela prisão da suspeita. A prisão foi decretada pela juíza Emanuelle Chiaradia Navarro, da 1ª Vara Criminal de Sorriso.
Ramira fugiu da cidade no mesmo dia em que cometeu o crime e foi presa em Porto Velho (RO) no dia 18 de maio, quando tentava seguir viagem em uma embarcação, rumo ao estado do Amazonas.
Na mesma data, uma equipe da Delegacia da Polícia Civil de Sorriso seguiu ao estado vizinho para fazer a transferência dela até Mato Grosso e ouvi-la em depoimento. Na sexta-feira (21), a mulher chegou a Sorriso.
Crueldade
O bebê foi morto na madrugada do dia 14 de maio. Em depoimento ao delegado José Getúlio nesta segunda-feira (24), a mulher confessou que matou o filho sufocando-o enquanto ele dormia em um carrinho de bebê.
Ela contou que fez uma primeira tentativa pressionando um travesseiro contra a cabeça do filho para asfixia-lo, mas depois de um minuto notou que ele estava vivo, respirava e chorava.
Ainda de acordo com o depoimento, a jovem relatou que fez novamente o mesmo movimento para asfixiar o bebê, pressionando o travesseiro com mais força sobre a cabeça por aproximadamente três minutos e que não ouviu nenhum barulho.
Politec esteve no local para retirada do corpo — Foto: Divulgação
Após esse tempo, ela o pegou no colo e constatou que ele não estava respirando e não tinha nenhum outro movimento.
Depois de ir ao banheiro, ela pegou o corpo do bebê e o colocou na pia da cozinha, onde cortou braços e pernas.
Em seguida, ela disse que colocou os membros do filho dentro de duas latas de leite, embalou-as em sacos de lixo e depositou na lixeira.
O restante do corpo do bebê, ela levou até o buraco e depois cobriu com o restante da terra que estava solta, cavou mais um pouco de terra e terminou de encher o lugar.
Ela conta que lavou a pia com um produto para limpar panelas e que jogou fora a roupa que usava no momento em que cometeu o crime.
Ainda conforme o depoimento, no final da manhã ela foi até um supermercado onde comprou produtos de limpeza, como bicarbonato de sódio, álcool e água sanitária, que usou para terminar de limpar a cozinha.
Depois disso, ela descansou na varanda da casa e à tarde foi ao dentista, seguindo depois para a rodoviária, onde consultou horários de ônibus.
Ramira embarcou para Cuiabá e em seguida para Rondônia.
A mulher alegou que matou a criança para seguir com um relacionamento. A investigada tem outra criança, de dois anos, que é criada pelos avós paternos. Natural do estado do Acre, ela morava em Sorriso desde fevereiro deste ano.
O delegado José Getúlio concluiu o inquérito nesta terça-feira, com o indiciamento da investigada por homicídio qualificado (meio cruel, motivo torpe, asfixia e impossibilidade de defesa da vítima) e ocultação de cadáver. A Polícia Civil segue a investigação para apurar se há envolvimento de terceiros no crime.