Por mais difícil que pareça uma possível contratação de Cavani, o São Paulo aposta em Diego Lugano, superintendente de relações institucionais do clube, como grande trunfo caso decida abrir negociação pelo atacante do Paris Saint-Germain.
De bate-pronto, o clube considera inviável financeiramente brigar pelo uruguaio neste momento, principalmente em meio à crise causada pela pandemia do novo coronavírus.
Isso não significa, porém, dizer que o uruguaio não possa jogar no São Paulo no futuro. Até porque há um elo criado por Diego Lugano.
O diretor de relações institucionais costuma dizer ao amigo que o São Paulo está aberto como porta de entrada para ele na América do Sul e mantém contato frequente com o compatriota uruguaio.
Ciente de que o contrato de Cavani termina no fim de junho e de que ele não pretende renovar com o PSG, Lugano conversa com o atacante há algum tempo sobre a possibilidade de jogar no São Paulo.
Em 2019, por exemplo, os dois se encontraram na Europa e trocaram camisas (veja na foto abaixo). Na época, Lugano também ajudava o São Paulo na operação que terminou com as contratações de Daniel Alves e Juanfran.
Cavani ganhou camisa do São Paulo de Lugano no ano passado — Foto: Reprodução Instagram
Depois, no fim do ano passado, Lugano voltou a encontrar Cavani na despedida de Diego Forlán, no Uruguai. Nas duas ocasiões o dirigente aproveitou para falar do São Paulo. O problema é que aos 33 anos Cavani tem mercado na Europa, onde pretende jogar por mais um tempo.
Ele foi alvo do Atlético de Madrid e também desperta atenção em outros centros, como Estados Unidos e Ásia. Nesta temporada, mesmo sem atuar com tanta frequência, fez sete gols em 22 jogos. Na anterior marcou 23 vezes em 33 partidas.
No São Paulo, por exemplo, a impressão é de que o Flamengo possivelmente seja o único clube da América do Sul capaz de ter dinheiro para tentar uma contratação desse porte.
Hoje não há condição financeira de o Tricolor bancar um investimento nem perto do nível que Cavani recebe na Europa. Segundo o jornal “L’Equipe”, da França, o atacante ganha aproximadamente 1,3 milhão de euros por mês. Na cotação atual isso representa cerca de R$ 7,3 milhões. O valor é mais da metade da folha salarial de todo o elenco do São Paulo, de aproximadamente R$ 12 milhões.
O que poderia pesar a favor de uma eventual futura volta para a América do Sul é o apreço que Cavani tem pela vida em Salto, sua cidade natal no Uruguai.
Ele tem uma fazenda na zona rural do lugar localizado a 500 km de distância de Montevidéu e próximo da Argentina. De personalidade reservada, o jogador gosta da vida no campo e estaria mais perto da família se retornasse ao continente.
Cavani aproveita as férias na sua fazenda em Salto — Foto: Reprodução
A relação Lugano e Cavani
Até hoje Cavani se refere a Lugano como “capitão”. Eles jogaram juntos na seleção do Uruguai por muitos anos a partir de 2007, quando o atacante subiu da sub-20 para a principal, à época já capitaneada por Lugano.
Juntos disputaram as Copas do Mundo de 2010 e 2014. Mas a relação de amizade entre eles vai além disso.
A esposa de Lugano é madrinha de um dos três filhos do atacante do PSG e as famílias são próximas. O ex-zagueiro do Tricolor jogou com o irmão de Cavani, Walter Fernando Guglielmone, no Nacional do Uruguai, no fim da década de 90.
Hoje Walter Fernando Guglielmone é também o empresário de Cavani. No começo de abril, ele falou em sondagens de Flamengo, Internacional e Palmeiras, além do Boca Juniors por Cavani.
Boca Juniors ou São Paulo?
Em uma entrevista para a “ESPN”, em 2019, Cavani disse que gostava do Boca Juniors na Argentina e falou em se pendurar no alambrado da La Bombonera para repetir um gesto do seu compatriota uruguaio Manteca Martínez. Ele comemorou dessa maneira um gol contra o River Plate, num clássico em 1992.
Na mesma entrevista, Cavani afirmou que gostaria de viver a experiência de jogar uma Copa Libertadores.
Diversos veículos de imprensa noticiaram um possível interesse do Boca no atacante, motivo pelo qual Lugano foi perguntado sobre essa possibilidade em uma entrevista a um amigo de uma rádio argentina.
– Acho que, antes do Boca, ele vem comigo para o São Paulo. Eu falo sobre isso há muito tempo, anos atrás, não é de agora … O que eu vou responder? O que você acha? – disse, entre risos.
A declaração dada para marcar território a favor do São Paulo agitou a torcida tricolor.
A euforia entre os são-paulinos cresceu depois de Fernando Diniz não ver como uma utopia a contratação de Cavani e de uma brincadeira de Petros com Maicon nas redes sociais, na qual o volante fez um trocadilho com o nome do uruguaio.
Apesar disso, há diferenças entre as situações de Daniel Alves e Cavani. O lateral escolheu jogar no São Paulo, seu time do coração, mesmo com mercado na Europa, e também topou o projeto pelo contrato válido até 2022.
Aos 36 anos, era menor a possibilidade de ter um vínculo longo em outros clubes da Europa.
Seja qual for o destino de Cavani, Lugano deverá ser um dos primeiros a saber qual será o novo desafio na carreira do atacante do Uruguai. Resta saber se será possível no futuro convencê-lo de que o São Paulo é o melhor caminho.
Daniel Alves e Cavani jogaram juntos no PSG — Foto: Reuters
(Globo Esporte)