Organizar o orçamento da Prefeitura e resolver os R$ 320 milhões em dívidas acumuladas, com R$ 280 milhões apenas na Saúde de Cuiabá, serão os primeiros passos do candidato a prefeito Lúdio Cabral para tirar o caixa do caos atual. A estratégia foi detalhada aos profissionais do Sindicato das Empresas de Saúde de Mato Grosso (Sindessmat), em entrevista na quarta-feira (18).

“Exatamente por ser médico e gestor, sei que a gente consegue identificar o que precisa ser corrigido e melhorado”, disse o candidato ao explicar a crise financeira da Capital. “O ano de 2023 fechou com um déficit de R$ 320 milhões em despesas realizadas e não pagas que foram transferidas para 2024, 80% disso são despesas na Saúde”.

Diante deste cenário, os associados do Sindesmat, que só na Capital representa mais de 1.100 empresas que atendem quase 100% da medicina suplementar e também prestam serviços para o Sistema Único de Saúde (SUS), apontaram para a necessidade do que chamaram de um “choque de gestão”.

A Prefeitura de Cuiabá fechou o ano de 2023 com uma dívida acumulada de R$ 1,7 bilhões, incluindo R$ 258 milhões em financiamentos e R$ 600 milhões em precatórios, entre outros. “O problema mais grave é a despesa corrente realizada e não paga. Os hospitais conveniados ao SUS em Cuiabá sofrem com esses atrasos o tempo todo”, destacou Lúdio.

O presidente do sindicato, Altino José de Souza, lembrou que 74% da população cuiabana estão descontentes com os serviços prestados na saúde, citando também levantando de O Globo que mostra que Cuiabá é a capital que tem o maior tempo médio de espera para consultas, com 197 dias para o paciente ser atendido.

Para Lúdio, a melhora deste cenário passa pela rede conveniada: “É uma relação que tem que ser de parceria de verdade. A Prefeitura tem que estar aberta ao diálogo para conseguir ofertar atendimento de qualidade para nossa população. Isso é essencial, por exemplo, para podermos dar conta do atendimento especializado”.

De acordo com o candidato, ainda no período de transição, antes da aprovação do próximo orçamento, será realizada uma auditoria técnica e contábil sobre todos os contratos do município para detalhar estas despesas. “Vamos identificar o erro, identificar porque temos 1,6 bilhão na Saúde e não tem dipirona no posto de saúde”.

Além de equacionar os números ainda no primeiro ano, sua proposta é buscar mais recursos junto ao Ministério da Saúde, que já deu sinal positivo às demandas do candidato. “Podemos ter mais R$ 200 milhões todos os anos na atenção primária para reduzir o custo do sistema a partir do atendimento na atenção primária”.

Lúdio destacou que, a partir da equalização das contas, será possível reabrir policlínicas, criar o Hospital e Maternidade Infantil, e ampliar a atenção à saúde mental, temas que também foram abordados na entrevista. Aos profissionais, o candidato reforçou ainda que todo o trabalho contará com uma equipe tecnicamente qualificada, com compromisso público e capacidade de diálogo.

“Resolver a Saúde em Cuiabá é dar atendimento de qualidade à população. A Prefeitura ganhará condições de realizar outras responsabilidades que ela tem, porque vamos acabar com esse caos de despesa desordenada, sem racionalidade, compromete a saúde e a gestão de toda a prefeitura”, afirmou.

Lúdio é candidato pela coligação “Coragem e Força pra Mudar”, que reúne a Federação Brasil da Esperança (PT, PV e PCdoB), o PSD e a Federação PSOL-REDE. A chapa tem como candidata a vice-prefeita a jornalista e empresária Rafaela Fávaro.