Se quiser evitar mais mortes em Mato Grosso, o Governo Mauro Mendes deve endurecer as medidas de combate à pandemia.
Já tem mais de um ano que a pandemia do COVID-19 chegou ao Brasil. Vimos desde o início as declarações do Presidente Bolsonaro no sentido de minimizar o perigo desse vírus mortal. Essas declarações tinham por objetivo justificar as ações contrárias aos protocolos necessários para impedir a disseminação da doença. O Governo Federal defendeu a manutenção das atividades econômicas, a circulação de trabalhadores em transporte público lotado e aglomeração em locais de trabalho, quando precisávamos de isolamento social com um forte lockdown para minimizar os efeitos da pandemia.
Embora a maioria dos Governadores não tivessem a ousadia de fazer declarações semelhantes às do Genocida no Governo Federal e defenderem falsas soluções, na prática pouco fizeram de diferente. Mesmo quando o STF permitiu que governos estaduais pudessem decretar medidas restritivas à revelia do Governo Federal, suas ações foram poucas e ineficazes. Em Mato Grosso, na gestão Mauro Mendes, trabalhadores de todas as áreas continuaram exercendo suas atividades normalmente, sem quaisquer cuidados com os protocolos para a garantia da saúde dos trabalhadores.
Nos serviços públicos não foi diferente. Exemplo disso é o DETRAN-MT que nada fez mesmo diante de inúmeros documentos protocolizados pelo Sindicato dos Servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Sinetran-MT), solicitando o fechamento da autarquia e envio de EPI’s para servidores. Isso em um dos órgãos que mais atendem a população mato-grossense. Além dos quase novecentos servidores em todo o Estado e trabalhadores terceirizados, muitos usuários e profissionais credenciados circulam todos os dias nas unidades. A manutenção do atendimento na autarquia significa alto risco de contaminação de trabalhadores das unidades como aqueles que utilizam os serviços.
Em virtude da pressão dos servidores e do sindicato – muitas vezes através da Justiça – o Detran-MT suspendeu o atendimento apenas entre março e abril de 2020, com o fechamento de unidades e realização de revezamento. Os EPI’s foram disponibilizados somente quando o sindicato conseguiu decisão liminar obrigando a direção do órgão a adquirir máscaras, luvas e álcool em gel para a categoria. Contudo, são corriqueiros os relatos de servidores denunciando a falta dos insumos.
Desde então, o Executivo Estadual, em conformidade com a cartilha bolsonarista, vem relaxando as poucas medidas de distanciamento social, nunca tendo decretado um lockdown efetivo e que poderia ter salvado milhares de vidas. A abertura normal das unidades, aumento do número de agendamentos e o revezamento foi retirado.
O resultado de tamanha irresponsabilidade está aí: devido a omissão dos governos estaduais e Federal, o vírus se espalhou pelo país afora, tornou-se ainda mais mortal, lotou mais UTI’s e cemitérios. Em nossa categoria, muitos colegas foram contaminados, alguns perderam familiares e outros morreram por causa da COVID-19.
A vacinação em massa é a única forma de acabar de vez com a pandemia. Porém, ela vem a conta gotas por decisão do Governo Federal que optou por ficar no fim da fila na compra e do Governo Mauro Mendes que parece tranquilo com as pequenas remessas do Ministério da Saúde. Outros estados estão produzindo ou se articulando para comprar as vacinas e, se quisermos evitar o aumento do número de novos casos e mortes, é esse caminho que Mato Grosso deve seguir.
Nós trabalhadores, que estamos mais expostos à contaminação, que temos sofrido com a perda de entes queridos e que temos arcado com os custos humanos de salvaguardar a “economia” (leia-se, o lucro dos Patrões) temos que nos unir e, junto aos sindicatos e movimentos sociais, cobrar de Mauro Mendes a compra imediata das vacinas e sua disponibilidade em caráter urgente, para toda população mato-grossense.
O país está chegando ao vergonhoso número de trezentos mil mortos e em nosso estado já se somam sete mil óbitos. Assim, embora o Governo do estado encha o peito para dizer, através da imprensa local, que está fazendo sua parte, longe das tribunas e holofotes, a realidade é diferente! Aos olhos dos que estão verdadeiramente atentos à situação, o que se evidencia é falta de ação por parte do chefe do Executivo estadual e o descontrole no número de novos casos.
Na verdade, o que temos é um Governador conivente com a política genocida levada a cabo pelo genocida do Planalto! Um Governador indiferente à miséria vivida por diversas famílias mato-grossenses, que sofrem com a fome e desemprego e que não encontram qualquer amparo do Poder Público, a não ser no valor irrisório de R$150,00 do auxílio emergencial que não pode sustentá-las nem por uma semana! Um
Governador que, para defender os interesses de grandes proprietários rurais, comerciantes e industriais do estado, está disposto a sacrificar a vida dos trabalhadores mato-grossenses!
Diante da extrema calamidade que vive o estado de Mato Grosso, do morticínio e piora nas condições de vidas que tanto tem afligido nossa população, não há outras medidas a tomar. Se não quiser ser ainda mais responsabilizado pela situação crítica que vivemos, se quiser evitar a propagação desenfreada da COVID-19 e salvar a vida de milhares, o Governo do estado tem por obrigação:
Decretar o lockdown, paralisando todas as atividades não essenciais;
Cobrar que o Governo Federal tome medidas visando garantir a estabilidade dos empregados, sem prejuízo nos salários e o reajuste o auxílio emergencial para R$600,00;
Comprar imediatamente vacinas para toda a população do estado, iniciando logo a imunização em massa.
*LUCAS PÓVOAS JUCÁ CORRÊA LIMA é agente do Serviço de Trânsito e Presidente do SINETRAN-MT
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