A Liga do Futebol Brasileiro (Libra) realizou nesta quinta-feira uma reunião virtual com a participação da maioria dos clubes membros, além de representantes do BTG Pactual e do Mubadala Capital, investidor escolhido pela associação. Uma assembleia geral presencial será realizada no próximo dia 28, em São Paulo.

A pauta não está fechada, mas deve abordar pontos sensíveis que serviram de barreira para adesão de alguns clubes, como a necessidade de unanimidade para tomada de decisões importantes como rateio de cotas, por exemplo.

Outro item que provavelmente estará na pauta busca sinalizar para os integrantes do outro bloco, a Liga Forte Futebol do Brasil (LFF), que é possível aproximar os números. Cenários matemáticos ainda estão em análise, clubes enviaram sugestões, e agora acontece um fase final de ajustes para que, no dia 28, a assembleia delibere sobre uma proposta capaz de mostrar ao outro lado que o consenso é viável. A ideia é chegar a um modelo no qual o primeiro da fila do rateio não receba mais do que 3.5 vezes o que arrecadará o último.

Porém, o tempo já é uma questão importante. O acordo entre Serengeti e LFF, costurado pela XP Investimentos, precisa ser ratificado pelos clubes em seus respectivos conselhos, para que então seja paga a cota de “boa fé” de R$ 350 mil. Isso ainda não aconteceu.

O pagamento dessa verba vincula os clubes ao fundo e garante ao investidor um lugar à mesa de negociação. É uma questão central pois o Mubadala Capital, investidor da Libra, não deseja acomodar mais um parceiro no negócio. Dessa forma, a entrada do Serengeti pode criar mais um impasse.

As propostas para a criação de liga única com 40 clubes são similares: R$ 4.85 bilhões do Serengeti e LCP Corretora para a LFF; R$ 4.75 bilhões do Mubadala para a Libra. A LFF já tem um número fechado para investimento apenas no seu bloco – R$ 2.18 bilhões -, enquanto o outro lado ainda faz esse cálculo, intensificando os estudos depois do anúncio de um investidor pelo outro bloco.

O Mubadala Capital, fundo dos Emirados Árabes que fez proposta à Libra através do BTG Pactual para a formação de uma liga com 40 clubes, intensificou recentemente – desde o anúncio da assinatura entre LFF e o fundo Serengeti em dezembro de 2022 – a análise comercial para o investimento somente no bloco de membros da Libra.

E, na reunião desta quinta, os investidores deixaram claro que, ainda que a intenção seja buscar o consenso com a LFF, já há uma equipe comercial dedicada a mapear o mercado e ouvir propostas pelos direitos dos clubes membros da Libra.

O Mubadala considera que no máximo em julho é necessário ter uma equipe comercial em campo já negociando os ativos da liga, ou somente do bloco, para que não se repita a situação que acontece com os clubes da Série B e a venda dos direito da competição para 2023.

Os contratos a serem assinados com o Mubadala Capital já estão redigidos e agora passarão por análise do departamento jurídico dos clubes para, após recebidos e apreciados os pedidos de ajuste, seja feita uma versão final para assinatura.

O pagamento de metade dos R$ 4.75 bilhões – valor para adesão dos 40 clubes – seria imediato, com outros dois pagamentos em intervalos de um ano. Não há, ainda, um valor fechado para assinatura só com os clubes da Libra. O número está sendo calculado desde que foi anunciado o investidor da LFF.

A Libra emitiu uma nota oficial na noite desta quinta-feira informando que formou uma comissão para trabalhar junto à equipe comercial do Mubadala para venda de direitos do bloco.

Confira a íntegra da nota oficial da Libra

Foi realizada nesta quinta-feira (16), em formato virtual, uma reunião com os presidentes de clubes que integram a LiBRA (Liga do Futebol Brasileiro). No encontro, os participantes debateram os próximos passos para a assinatura do contrato definitivo com a Mubadala Capital, que encontra-se em fase de conclusão, e o início das negociações para vendas dos direitos de transmissão dos clubes que compõem a LiBRA.

Os temas farão parte da pauta de deliberação da Assembleia Geral Extraordinária da LiBRA, que será realizada de forma presencial após o carnaval, em São Paulo. Ainda no encontro virtual desta quinta-feira, foram discutidas propostas de ajustes financeiros trazidas por membros do grupo, dentre elas algumas sugestões levantadas por Bahia e Sampaio Corrêa, as duas últimas agremiações a se filiarem à LiBRA. Questões como divisão de receitas e governança seguem em progresso contínuo e serão deliberadas na próxima AGE. O intuito é, inclusive, discutir interesses de equipes que ainda não aderiram à LiBRA, como forma de alcançar um bloco único dentro do futebol brasileiro.

Paralelamente a isso, os clubes da LiBRA decidiram, durante a reunião, formar uma comissão para trabalhar juntamente ao time comercial da Mubadala e iniciar a venda de direitos de transmissão exclusivos do bloco.

SOBRE A LIBRA

Criada a partir dos anseios de profissionalização, internacionalização e maiores receitas dos clubes brasileiros, a Liga do Futebol Brasileiro surgiu para contribuir com o crescimento constante do esporte no país. Com uma proposta de gestão moderna e transparente, amparada nas melhores práticas de governança e “compliance”, a Libra busca ampliar os horizontes esportivos e comerciais para as equipes. Conta, atualmente, com 18 agremiações unidas: Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo, Vasco e Vitória. (GE)