Nenhum ser humano se torna cem por cento desconstruído do dia para a noite. São anos de atitudes e frases machistas enraizadas na nossa mente e no nosso cotidiano, que muitas vezes falamos sem nem pensar.
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“Isso é coisa de mulher” e “mas é que eu sou homem” são dois exemplos que muitas pessoas usam para diminuir o ser mulher e colocar o homem numa posição superior. Fazer fofoca não é coisa de mulher e homens podem sim chorar. Ir ao shopping não é coisa de mulher e não tem problema algum homem usar maquiagem. Brincar de boneca não é coisa de menina e um menino querer uma Barbie de presente não faz ele mudar de sexo, pois para isso ele precisa fazer uma cirurgia.
Quem foi que ditou essas regras que nada tem a ver com masculino e feminino? A sociedade. E é essa mesma sociedade que precisa desconstruir esses absurdos que são ditos, e pode começar com você. Não, isso não vai acontecer agora e nem amanhã na sua cabeça; vai levar um tempo, talvez um ano, dois anos, dez, trinta, a vida inteira. Vai depender do quão machista é o meio que você conviveu/convive, do quão machista são suas atitudes não pensadas desde criança.
Por isso, você que já está um pouco mais desconstruída e percebe uma mulher reproduzindo algo que só a prejudica não precisa excluí-la ou criticá-la duramente, basta ensiná-la que aquela atitude não vai ajudar a melhorar a existência dela enquanto do gênero feminino na comunidade. Muitas vezes ela quer aprender e ganhar mais respeito também, mas não sabe como fazer ou nem sequer percebeu que está só criando um mundo propenso a mais violência, estupro, ameaça, ciúme, brigas, etc.
Pois é, gente. O machismo não é bonito e muito menos “engraçadinho”. Ele leva a crimes bárbaros tal como a violência doméstica e o estupro. Sentir ciúme não é “bonitinho”, sentir ciúme leva a mortes. Ter relação sexual com seu marido mesmo dizendo que não está disposta não é querer agradá-lo, é estupro.
Eu sei que do nada sai uma frase sem maldade nenhuma da nossa boca e nem esperamos que ela seja machista, mas todo cuidado é pouco. Porque para sua vida pode não ser nada, mas para a vida de uma outra mulher pode significar algum tipo de violência que ela já passou ou venha passar por conta das nossas reproduções não pensadas.
Fico extremamente feliz em saber que as novas gerações estão crescendo cada vez mais desconstruídas e, se você quer deixar um mundo melhor para seu filho ou filha, saiba que isso deve partir de dentro da sua casa com as suas atitudes e com a sua voz. Uma sociedade menos violenta, é uma sociedade que vale mais a pena viver.
*MICHELLE LEITE DE BARROS é advogada em Cuiabá.
CONTATO: www.facebook.com/michelle.barros.182