O ex-militar da Aeronáutica José Elggy Alves da Silva foi transferido para cela individual pelo período de um ano, conforme determinação da 2ª Vara Criminal de Cuiabá. Depois de deixar as Forças Armadas, José Elggy passou a atuar como um dos membros mais sanguinários da facção criminosa Comando Vermelho em Mato Grosso.
Segundo os autos, ele exerce liderança sobretudo na região de Tangará da Serra (252 quilômetros a noroeste de Cuiabá) e Campo Novo do Parecis (403 quiolômetros a noroeste de Cuiabá). E foi, inclusive, o mandante da tortura de uma adolescente de 15 anos que teve a língua cortada por namorar um membro de uma facção rival.
A decisão, assinada pelos juízes Geraldo Fidélis, Marcos Faleiros e Renata Parreiro, prevê a imposição do regime disciplinar diferenciado (RDD) ao ex-militar, conhecido como Meia Noite no mundo do crime. Além da prisão em cela individual, o regime também cessa o direito às visitas íntimas e garante a fiscalização de toda a correspondência do preso. Além disso, José Elggy terá direito a duas horas de banho de sol acompanhado de, no máximo, outros quatro detentos.
A imposição das restrições severas se deu após a constatação de que, mesmo preso em Várzea Grande, o ‘Meia Noite’ continuou exercendo suas funções dentro da facção criminosa Comando Vermelho, no cargo de ‘disciplina’ da organização. Segundo as investigações, dentro da cadeia, o líder do Comando Vermelho tem acesso irrestrito a telefones celulares e possui diversas contas fakes em aplicativos como Facebook, Instagram e WhatsApp.
Usando dos conhecimentos adquiridos durante o serviço militar, José Elggy seria o responsável por aterrorizar outros faccionados a cometer crimes bárbaros, sob pena de eles mesmos serem alvos de execução. No caso da adolescente multilada em Tangará da Serra, ele teria, inclusive, participado da sessão de tortura por videoconferência, obrigando a menina a fornecer informações do namorado que fazia parte do PCC e escolher entre a vida ou a língua.