A juíza Silvana Ferrer Arruda, do Núcleo de Audiências e Custódia de Cuiabá, converteu a prisão em flagrante de Gilvânio dos Santos, de 27 anos, em preventiva, pelo assassinato do empresário Mário Martello Júnior. A decisão foi proferida nesta quarta-feira (4) durante a audiência de custódia.
Gilvânio é suspeito de latrocínio (roubo seguido de morte) e ocultação de cadáver. Mário, que era seu patrão, foi encontrado em estado avançado de decomposição nos fundos de sua empresa de reciclagem, no Distrito Industrial de Cuiabá. Segundo a Polícia Judiciária Civil, a vítima estava desaparecida desde o dia 31 de agosto de 2024.
De acordo com seu depoimento, Gilvânio trabalhava na empresa há cerca de dois meses como encarregado e gerente de linha de produção. Ele alegou que, no dia do crime, foi até a empresa para buscar pertences pessoais e acabou se desentendendo com a vítima.
Gilvânio alega que empurrou Mário, que caiu e bateu a cabeça na dobradiça de uma prensa. Em pânico, o acusado disse que tentou ocultar o corpo, ao invés de pedir socorro. Gilvânio utilizou um guincho para mover o corpo até os fundos da empresa, onde foi posteriormente encontrado.
“No calor da discussão, o interrogando empurrou a vítima, a qual caiu e bateu a cabeça na dobradiça da prensa, vindo a cair ao solo e sangrar na região da cabeça; o interrogando ficou desnorteado e, embora a vítima ainda respirasse, resolveu ocultar seu corpo e não pediu socorro; então, o interrogando utilizou um elevador móvel, amarrou uma corda nos pés da vítima junto ao guincho para suspender na máquina e carregou o corpo até um canto da parede, no final do muro da empresa”, diz trecho do interrogatório.
A Polícia Civil, contudo, descredibilizou a versão. Isso porque os ferimentos encontrados na vítima, que estava com os ossos do crânio quebrados, não correspondem a lesões provocadas pelo próprio peso. Além disso, depois de deixar Mário para morrer, Gilvânio utilizou cartões de crédito da vítima, inclusive cerca de R$ 1 mil no jogo do ‘tigrinho’.
O corpo de Mário foi localizado pela polícia após um forte odor ser notado por funcionários da empresa, que acionaram as autoridades.
Durante a audiência, a defesa de Gilvânio alegou que ele foi torturado por policiais após sua prisão, relatando ameaças envolvendo seu enteado e violência física, que estariam registradas em mídia audiovisual. A defesa solicitou medidas de segurança na unidade prisional para onde ele será transferido, podendo até ficar em cela separada. A juíza determinou que a denúncia de violência policial seja investigada, mas manteve a prisão preventiva devido à gravidade do crime.
“A par dos elementos que instruem a peça flagrancial, verificamos que a prisão levada a efeito se encontra material e formalmente em ordem, não havendo que se falar em relaxamento, motivo pelo qual homologo o auto de prisão em flagrante”, sentenciou a juíza.
A juíza Silvana Ferrer ainda determinou que o autuado seja submetido a avaliação médica, uma vez que informou não estar tomando clonazepam, remédio de uso controlado, há três dias.
(HNT)