Apontado como um dos maiores nomes do judô mato-grossense em todos os tempos, o cuiabano David Moura já tem os dias contados para suas participações em competições nacionais e internacionais. Aos 34 anos e com uma considerável galeria de troféus, incluindo o Campeonato Brasileiro, Pan-Americano e outros eventos de nível mundial, Moura decidiu, nesta terça-feira (09), botar um ponto final nos treinamentos de alto rendimento e anunciou oficialmente a aposentadoria, com a carreira que parecia à pleno vapor.

A decisão de se aposentar das competições foi anunciada pelo judoca que revelou estar bem fisicamente e descartou qualquer obstáculo de ordem política ou mágoa. Ele deixou escapar a vaga nas Olimpíadas de Tóquio quando caiu prematuramente no Mundial de Judô. No entanto, se afirma grato por tudo que o judô proporcionou em sua carreira.

“Todo atleta pensa na carreira em ciclos olímpicos. O adiamento de Tóquio por conta da pandemia já fez com que o ciclo anterior se tornasse ainda maior. Hoje, com 34 anos, não me vejo lutando e treinando durante um novo ciclo inteiro para 2024. As dores ficam mais intensas, a recuperação não acontece mais no mesmo ritmo. Um atleta abdica de muita coisa num ciclo como esse, mas chega um ponto que a gente percebe que já está bom”, declarou David Moura.

Ele conquistou diversos títulos importantes, como a medalha de prata no Mundial de Budapeste em 2017 e o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto em 2015. Também destacou que em 2017 foi um ano muito especial na sua carreira, já que conseguiu liderar o ranking mundial de judô em sua categoria. Em outubro, David MOura conquistou prata na categoria acima de 100kg no Campeonato Mundial Militar de Judô do Conselho Internacional Desporto Militar (CISM), disputado em Paris, na França. Apesar das muitas conquistas, David Moura encerra sua carreira sem ter conseguido disputar os Jogos Olímpicos.

David Moura ao lado de seu pai, o ex-judoca Fenelon Müller — Foto: Arquivo pessoal

História no judô

Toda história tem um começo, meio e fim. Por mais difícil que as duas etapas anteriores sejam, o final sempre será o mais aguardado e doloroso. Nesta terça-feira (9), chegou ao fim mais uma linda trajetória do esporte nacional: aos 34 anos, David Moura oficializou o término de sua carreira no judô.

Dono de uma linda trajetória de conquistas em Jogos Pan-Americanos, campeonatos mundiais e títulos de peso, o agora ex-judoca revelou, em entrevista exclusiva ao Olímpiada Todo Dia, que a ideia da aposentadoria, que já vinha martelando em sua cabeça há algum tempo, recebeu a batida final nos últimos dias.

Praticante do judô desde os seis anos por influência do pai, Fenelon Oscar Muller, grande judoca da seleção brasileira, David Moura definiu que dedicaria sua vida para a arte marcial japonesa há 14 anos. Desde então, o atleta da categoria peso pesado garantiu uma série de conquistas de peso, como a medalha de prata no Mundial de Budapeste em 2017 e o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto em 2015. Apesar das medalhas especiais, o atleta aponta uma outra conquista como a sua principal em sua trajetória.

“Tive várias conquistas das quais me orgulho muito. A prata no Mundial foi um momento muito especial, o ouro no Pan então eu me lembro com muito carinho. Porém, uma das coisas que achei mais legal foi o fato de ter encerrado o ano de 2017 como líder do ranking mundial. Isso foi muito especial pra mim e uma conquista muito importante na minha carreira. Era uma coisa que eu não esperava, mas significou muito para a minha trajetória”, relembrou.

Aposentar não quer dizer abandonar os tatames. Ao contrário, Moura diz que pretende se dedicar mais no Instituto Reação, projeto social que visa o desenvolvimento de crianças e adolescentes através das iniciação esportiva dos tatames. “A ideia é abraçar e fazer o Instituto Reação crescer no Brasil. Vou estar mais focado no Reação Olímpico, e tentar usar um pouco o que eu aprendi durante esses 11 anos na Seleção Brasileira. Estou muito contente com a ideia de ajudar os atletas que moram em Cuiabá, no Rio De Janeiro, e todos aqueles que fazem parte do Reação, para que possam alcançar os sonhos deles. Vou cuidar mais da minha família também, quero ter mais filhos e logo vou começar essa produção”, afirmou.

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Instituto Reação será um dos focos do agora ex- atleta (Marcello Zambrana)

A ligação de proximidade com o projeto vem desde 2013, quando passou a ser treinado pelo medalhista olímpico Flavio Canto, que é o idealizador da causa. Desde então, David Moura, que inclusive utilizava a estrutura do projeto para treinamentos, passou a buscar formas de retribuir a ajuda do treinador, chegando inclusive a representar o instituto nas competições.