Quase sempre com olhar perdido, o ex-presidente da Assembleia, ex-deputado José Geraldo Riva, se revelou arrependido do passado de corrupção, mas ficou em silêncio, durante a oitiva desta quarta-feira (3) da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB).    Ao ser questionado logo no início para que esclarecesse o esquema de pagamento de mensalinho na Assembleia, Riva afirmou que permaneceria em silêncio, e que em outro momento poderia esclarecer o caso para a Câmara de Cuiabá.

“Se, eventualmente, surgir uma nova data – eu sei que vocês têm tempo – eu me coloco a disposição para em outro momento esclarecer esse assunto”, disse Riva.

O ex-deputado explicou que seus advogados se reuniram e chegaram a conversar com o Ministério Público sobre o depoimento, e “é unânime que a minha fala neste momento não pode ser outra senão o silêncio em função da prerrogativa que tenho e do acordo firmado”.

Riva ainda disse que teve muito tempo para pensar e se arrepender de tudo que foi feito de errado e “que está fazendo ressarcimento ao Estado dentro do acordo firmado”.

“De fato, o poder ele faz com que às vezes acontece o que aconteceu comigo e me arrependi de tudo que fiz. Procurei me redimir e a sociedade mato-grossense, no tempo certo, vai saber. Eu procurei atuar em cima da verdade, nada mais que isso. Ninguém vai carregar um peso maior que deve. Eu terei prazer em colaborar, mas não tenho outra opção senão o silêncio”, concluiu.

A CPI que investiga o recebimento de propina por parte do prefeito foi instaurada em novembro de 2017, depois do vídeo divulgado em que Emanuel Pinheiro – deputado estadual há época – e outros aparecem recebendo dinheiro do esquema abastecido pelo então governador Silval Barbosa (sem partido).

Em março de 2018 a “CPI do Paletó”, como ficou conhecida, foi paralisada por decisão judicial, mas uma nova decisão de setembro de 2019 determinou sua retomada.

Riva deve devolver R$ 92 milhões em seu acordo de colaboração, sendo que R$ 15 milhões já foram pagos em março. Em sua delação o ex-deputado detalhou que, durante os 20 anos que atuou como deputado (1995-2014), houve pagamentos de propina para 38 deputados com o objetivo de apoiarem o governo do Estado.

O valor total do esquema chegou a ex-deputado ganha tempo por conta da pandemia e não inicia prisão domiciliar R$ 175,7 milhões.

Prisão  

Os trâmites da delação  premiada do ex-presidente da Assembleia, José Geraldo Riva, estão suspensos até o dia 14 de junho, por conta da pandemia do novo coronavírus que alterou os prazos do Poder Judiciário de Mato Grosso. Com isso, Riva não começará a cumprir os dois anos de prisão domiciliar que iniciaria nesta quarta-feira (3), conforme havia decidido o desembargador do Tribunal de Justiça, Marcos Machado relator da colaboração em questão.

‘Os prazos estão suspensos. Até que se retorne os trabalhos, nada andará’, disse a assessoria do TJ. O prazo estabelecido para que Riva começasse a cumprir sua pena a partir da data de hoje  foi dado em março. A idéia era que o ex-deputado percorresse 3 cidades de Mato Grosso e dois estados para alienar imóveis bloqueados para garantir o ressarcimento dos valores que serão destinados a obras, projetos e programas de interesse público.

O cumprimento da pena também dependerá do juízo da execução penal, desde que os processos tenham chegado para unificação de penas e início de regime.