O  ex-ministro José Dirceu afirmou nesta segunda-feira (22.04) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não montou um governo de esquerda, mas de centro-direita, com o ingresso de partidos como PP e Republicanos. Segundo ele, trata-se de uma “exigência do momento histórico que vivemos”.

As declarações do petista foram dadas durante um evento promovido pela Esfera Brasil – grupo que reúne empresários de diversos setores da economia brasileira –, em São Paulo (SP).

Dirceu participou do painel “Eleições: Unindo Ideias, Moldando Futuros”, o segundo do “Seminário Brasil Hoje: Diálogos para Pensar o País de Agora”. Ele dividiu a bancada com o deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE); o atual secretário municipal de Relações Internacionais de São Paulo, Aldo Rebelo (MDB); e o ex-presidente nacional do PSOL Juliano Medeiros.

Ao ser introduzido em seu painel, Dirceu foi questionado pelo mediador, o advogado Luís Gustavo Bichara, sobre o estímulo à polarização política feito por Lula em seu terceiro mandato presidencial. O ex-ministro da Casa Civil negou que esse jogo parta do governo petista.

“O governo Lula foi eleito nessas condições e não montou um governo de centro-esquerda, não. Ele montou um governo de centro-direita. Eu falo isso e todo mundo fica indignado, às vezes, dentro do PT. Realmente, parte do PL, o PP, estão na base do governo. Isso é exigência do momento histórico e político que nós vivemos”, disse.

“Lula não optou pela polarização e radicalização. O país está radicalizado por causa do discurso feito ontem no Rio de Janeiro, com fundamentalismo religioso e ataques à democracia”, prosseguiu o ex-ministro, em alusão à manifestação em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na orla da praia de Copacabana, no Rio, que reuniu milhares de pessoas, no domingo (21).

Segundo Dirceu, “Bolsonaro está em campanha eleitoral, percorrendo o Brasil, tendo candidato em cada cidade”. “A polarização da campanha vai acabar acontecendo nos grandes centros urbanos”, projetou o ex-ministro, referindo-se à disputa das eleições municipais de outubro deste ano.

(Fatos de Brasília)