Preso em flagrante por agredir o árbitro em um jogo da segunda divisão do Campeonato Gaúcho, o meia-atacante William Ribeiro, de 30 anos, possui antecedentes criminais e histórico de violência em campo. A agressão que ganhou repercussão nacional na noite de segunda-feira é mais uma na lista de brigas e confusões com envolvimento do atleta nos gramados e fora dele.
O jogador foi preso em flagrante ainda no estádio e segue na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires, na região central do estado. Ele será indiciado pela Polícia Civil por tentativa de homicídio qualificado, e a Justiça irá decidir se vai responder ao processo em liberdade ou não.
William Ribeiro agrediu o árbitro Rodrigo Crivellaro durante a partida entre Guarani, de Venâncio Aires, e São Paulo, de Rio Grande, no Estádio Edmundo Feix, em jogo pela Divisão de Acesso. O árbitro ficou desacordado e precisou ser levado às pressas para um hospital, de onde recebeu alta na manhã desta terça-feira.
Segundo o delegado que cuida do caso, Vinicius Lourenço, o jogador possui antecedentes criminais por lesão corporal, ameaça e provocação de tumulto, registrados em 2009 e 2021. A reportagem não conseguiu confirmar se ele foi condenado em algum caso.
– Ele tem algumas passagens policiais por lesões corporais diversas. Em algumas oportunidades ele já se envolveu em brigas dentro do cenário esportivo. Ele já tem esse histórico já de algum tempo. Ele já dispõe de diversas agressões na sua vida pregressa – afirmou.
Durante a carreira, o jogador ficou conhecido pelo temperamento sanguíneo e por protagonizar outras cenas de agressão em campo. No mês passado, ele também agrediu um torcedor, na partida contra o Lajeadense, em Lajeado, pela Divisão de Acesso. Na ocasião, William não estava nem entre os relacionados para a partida. Já em 2014 o jogador foi expulso de uma partida do Guarani de Venâncio Aires após desferir um soco em um adversário do Pelotas.
O novo caso de violência ocorreu no segundo tempo da partida no Estádio Edmundo Feix. Aos 15 minutos da segunda etapa, William Ribeiro reclamou de falta em um lance de ataque. O árbitro paralisou a partida para advertir o atleta. Foi quando recebeu um soco e empurrões e, já caído no chão, foi atingido com um chute na cabeça.
William Ribeiro em treino do São Paulo-RS — Foto: Fábio Dutra/ São Paulo-RS/ Divulgação
A brutalidade da cena chocou os próprios companheiros do meia-atacante. O capitão do São Paulo, o zagueiro Emílio, condenou a atitude do jogador e afirmou que ele tinha o perfil de “pavio curto”.
– No dia a dia era uma pessoa muito boa. Sempre esteve presente em todos os treinamentos, nunca faltou. Mas, percebíamos que ele tinha pavio curto e era uma das lideranças da nossa equipe, tanto é que foi capitão em diversas partidas. Mas, sempre com esse perfil. Por isso, sabíamos que a qualquer momento poderia acontecer uma situação dessa. Infelizmente, é algo dele isso – comentou.
Após o episódio, o São Paulo anunciou a rescisão de contrato com o atleta. O presidente do clube de Rio Grande afirma que William Ribeiro nunca provocou problemas no clube e que ele era visto como uma das lideranças do elenco.
– No dia a dia dentro do clube nunca apresentou problemas. Sempre foi um líder. As reações dele no último mês me decepcionaram bastante, pois eu carregava uma confiança enorme nele. Não consigo encontrar uma explicação – diz o presidente Deivid Pereira.
O meia de 30 anos é natural de Pelotas e fez a maioria da sua carreira dentro do futebol do Rio Grande do Sul. Sua trajetória como jogador iniciou nas categorias de base do Inter. Logo após, circulou por diversos clubes, como Brasil de Pelotas, Ypiranga, Guarani-VA, Avenida, Esportivo e Veranópolis, entre outros.
O técnico Badico, do Guarany de Bagé, trabalhou com o jogador em quatro oportunidades também se mostrou surpreso com a agressão. Em 2019, a pedido do treinador, William foi dispensado do Bagé. No entanto, a liberação não teve a ver com o histórico de violência, mas pelo fato de o jogador não aceitar uma determinação da presidência do clube.
– Eu nunca tive problemas com ele, na questão do comando. Estou impactado e sem argumentos para explicar o que é inexplicável. Eu não consigo entender o que passou na cabeça dele naquele momento. Eu nunca imaginei que ele fosse fazer algo neste sentido. Infelizmente, aconteceu e graças a Deus que o árbitro está se recuperando – comentou o treinador.
A reportagem do ge ainda não conseguiu contato com a defesa do jogador. Em nota, a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) lamentou o episódio e afirmou que o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-RS) vai analisar o caso e aplicar as respectivas sanções ao atleta. (Globo Esporte)