O técnico da seleção brasileira olímpica, André Jardine, quebra a cabeça para fechar uma lista curta de 18 jogadores. No papel, pensa em alguns trunfos, um deles é Neymar, o craque do PSG e medalha de ouro da olimpíada dos jogos de 2016, no Rio de Janeiro.

Em entrevista ao ge, Jardine falou da formação do grupo, da chave nos Jogos de Tóquio e das mudanças no trabalho em momento delicado de pandemia.

Jardine acompanhou o sorteio na sede da CBF, no Rio de Janeiro — Foto: Joilson Marcone / CBF

Jardine acompanhou o sorteio na sede da CBF, no Rio de Janeiro — Foto: Joilson Marcone / CBF

Confira o papo com o técnico da seleção olímpica masculina:

ge: Qual avaliação desse grupo do Brasil com Alemanha, Costa do Martim e Arábia Saudita?

André Jardine: São adversários pesados, né? A Alemanha, por todo o seu histórico, a sua camisa, por ter uma final de Olimpíada com o Brasil, é sempre páreo duro em qualquer situação. Costa do Marfim foi segunda colocada no Pré-Olímpico. Uma equipe com parte física muito forte, com um jogo de transição, jogo de velocidade muito forte. A Arábia Saudita é um país que também se prepara muito. Foi vice-campeã asiática. Escola diferente, jogos diferentes, vai exigir uma preparação muito criteriosa para cada jogo.

Essa partida contra a Alemanha ser realizada no mesmo palco da final de 2002 traz peso maior nessa estreia das seleções?

Matheus Cunha e Reinier cumprimentam André Jardine, na chegada ao hotel onde a seleção olímpica está concentrada, no Cairo. No último compromisso da seleção olímpica, em outubro do ano passado — Foto: Joilson Marcone / CBFTV

Matheus Cunha e Reinier cumprimentam André Jardine, na chegada ao hotel onde a seleção olímpica está concentrada, no Cairo. No último compromisso da seleção olímpica, em outubro do ano passado — Foto: Joilson Marcone / CBFTV

Você tem apenas 18 jogadores para convocar. Como funciona esse planejamento?

– É um desafio montar um elenco com 18 jogadores, sendo 16 de linha e dois goleiros. Dos 16 de linha, um elenco que consiga atender, nos dar repertório, substitutos para todas as posições, todas possibilidades dentro da competição. Não é tão simples, é uma matemática. Não está finalizado e será finalizado no último momento possível de estudo. Até lá vamos continuar observando jogadores com idade, jogadores acima da idade. Posições que estamos pensando e só termina no dia realmente da convocação da olimpíada. Trabalhamos com a data de entrega da lista para o COI, que é dia 30 de junho. Mas possivelmente a convocação saia antes disso. Vamos definir nos próximos dias.

Weverton é um nome que o ge publicou que é do seu interesse. Já conversou com esse atleta?

– Weverton é um dos goleiros da seleção principal, assim como o Alisson, o Ederson e o Santos. Com certeza a gente quer se apoiar num goleiro de seleção, com experiência e que vive um grande momento. O Weverton tem tudo isso, com um adendo, de já ter sido campeão olímpico. Ele carrega alguns pré-requisitos para o que a gente pensa para essa posição. As outras posições a gente está estudando ainda para o melhor encaixe. É muito difícil de cravar as situações agora porque muita coisa pode acontecer até o dia da convocação, a própria Covid-19, lesões, momento…

– A gente vai trabalhando com mais de uma opção, em funções diferentes, observando muito o momento dos jogadores que tem idade para ter a convicção de que eles vão atender no nível que a gente quer. E tendo essas cartas na manga para usar em posições que a gente precise de alguma coisa a mais de experiência. Só vamos bater o martelo no último dia. Ainda não estamos conversando com os jogadores porque esse momento da conversa é a partir do momento que tivermos convicção e aí procuramos esse contato mais direto com o jogador.

E a situação do Neymar, conta com ele? Está nos seus planos?

– Sem dúvida. Partindo do princípio que queremos formar a seleção mais forte possível, o Neymar é o principal jogador da nossa seleção principal, é o principal jogador brasileiro em atividade. Um craque com poder de definição absurdo, um poder de desequilíbrio, joga numa grande equipe. Vive talvez o seu auge na carreira. Para nós seria um acréscimo muito grande de qualidade. Entendemos que é uma situação complexa. Estamos entregando essa definição muito mais para a instituição. É uma questão que passa das minhas mãos como treinador e passa muito mais pela definição de CBF com o PSG e do próprio atleta com essa situação.

A pandemia modificou muito seu trabalho na seleção? De que forma?

– Vínhamos muito embalados, com um foco muito grande, após o pré-olímpico e uma sede grande de Olimpíada. O primeiro impacto foi de uma frustração, de uma tristeza muito grande por tudo o que já estava acontecendo. Não só pelo adiamento da olimpíada, mas pelo perigo iminente de perdemos pessoas da nossa família e pessoas próximas. Trouxe esse caráter de ansiedade, apreensão e até de indefinição a partir do momento em que as olimpíadas foram adiadas ficamos vivendo aquela situação de incerteza, mas trabalhamos sempre com a convicção de que aconteceria. Começamos a nos preparar e fazer tudo o que estava ao nosso alcance, observando jogadores, não in loco, mas por vídeo, computadores. Começamos a planejar e fazer do tempo um aliado nosso. Aquele nível de ansiedade, louco para chegar o período. Vendo a coisa chegar mais perto, a gente se sente preparado e atento para tudo o que aconteceu. (Globo Esporte)