A passagem do meia James Rodríguez pelo São Paulo deve, enfim, terminar nesta semana. Já há um acordo entre as partes pela rescisão de um contrato que rendeu mais constrangimentos do que gols em um ano. Para isso, o atleta aceitou abrir mão de 75% do que receberia de luvas do clube.
A estrela colombiana foi anunciada pelo clube no dia 29 de julho do ano passado. Desde então, entrou em campo 22 vezes, marcou dois gols e custou estimados R$ 15 milhões.
A história do atleta no clube foi motivo de festa no começo, mas ficou marcada por muitos atritos.
Ele estreou contra o Flamengo, pelo Brasileiro, dias antes da decisão contra o Corinthians pela semifinal da Copa do Brasil – partida em que ficou no banco, apesar das expectativas.
Contra a LDU, nas quartas da Sul-Americana, errou pênalti que levou à eliminação do clube no torneio. Depois, na final da Copa do Brasil, vencida pelo São Paulo, incomodou-se com o técnico Dorival Júnior por não ter sido utilizado.
Os sinais mais de claros de irritação foram dados em entrevista ao ge, em dezembro, quando James evitou garantir que voltaria ao clube para a temporada atual.
Ele se reapresentou em janeiro, mas não jogou. Sob argumento de que fazia “controle de carga física”, ficou fora dos primeiros jogos do Paulista.
Antes, outro sinal, esse da diretoria: James ficou fora do evento de apresentação dos novos uniformes do clube, apesar de ser considerado um atleta midiático e de ser patrocinado pela mesma empresa que se tornou a fornecedora do clube em 2024.
Estava instalada uma espécie de “guerra fria” entre o clube e o jogador.
Em fevereiro, James foi convocado para acompanhar a equipe a Belo Horizonte para a disputa da Supercopa Rei, contra o Palmeiras, mas se recusou a viajar. Na mesma semana, pediu para ter o contrato rescindido.
A diretoria aceitou, mas o acordo não avançou na época. Sem propostas de outros clubes, James bateu o pé para receber o valor total de luvas que tinha combinado em sua chegada, a diretoria brigou por um desconto, o que não ocorreu.
Houve, então, uma tentativa de reaproximação. James foi reintegrado, pediu desculpas ao elenco por ter se recusado a viajar e voltou a entrar em campo contra a Inter de Limeira – e fez um dos gols da vitória tricolor.
A trégua durou bem pouco. Nas quartas de final do estadual, James pediu para não bater uma das penalidades que decidiram o duelo contra o Novorizontino, que eliminou o São Paulo no Morumbis.
Os relatos no clube são de que essas atitudes de James o afastaram do elenco, mesmo daqueles com quem tinha mais proximidade, como Rafinha, capitão do time.
A troca de treinador, com a demissão de Thiago Carpini, definiu o destino do meia. Luis Zubeldía o colocou em campo por cerca de oito minutos no fim do jogo contra o Palmeiras, pela quarta rodada do Brasileiro, e não mais.
James continuou treinando no clube, mas já sabia que teria que buscar outro destino. As boas atuações na Copa América reabriram o mercado internacional para o meia, e o São Paulo se viu em boas condições para negociar a rescisão.
A principal discussão sempre se deu em torno do valor de luvas que James tinha acertado, algo próximo de 2 milhões de dólares (cerca de R$ 11,2 milhões). Esse dinheiro seria pago em parcelas diluídas nos salários – que nem sempre foram pagas em dia pelo São Paulo.
Dessa vez, James foi convencido a abrir mão de uma parte desse valor para ser liberado.
Segundo apurou o ge, James receberá 25% das luvas – pouco menos de R$ 3 milhões. A ele serão pagas todas as verbas rescisórias previstas na legislação trabalhista brasileira.
Assim, o São Paulo calcula que deixará de pagar algo próximo a R$ 20 milhões, considerando os 11 meses restantes de contrato e o desconto das luvas.
Especula-se que ele tenha sondagens de clubes do segundo escalão da Europa. (GE)