“Alegre, tranquilo e brincalhão”. Assim Paulo Cardoso descreveu o irmão Benedito Cardoso dos Santos, de 42 anos, assassinado durante uma discussão por questões políticas, em Confresa, no Mato Grosso. Ele era apoiador do candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O autor do crime, Rafael Silva de Oliveira, de 24 anos, é apoiador do atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).

“Ele não era fanático [por política]. Pelo que entendo, fazenda não tem assunto e a mente fica privada. Às vezes, foi trocar ideia com a pessoa errada e deu no que deu”, disse à equipe de reportagem.

O sepultamento foi realizado às 9h (horário local), em Santana do Araguaia (PA). Segundo o irmão, o enterro foi acompanhado apenas pela família e alguns conhecidos.

“Quando soube do caso, pensei apenas em pegar o corpo, velar. Não pensei em mais nada”, contou Paulo.

Benedito era o mais novo de cinco irmãos e “era mais o PT, o Lula”, segundo o irmão. Porém, nunca foi filiado a partido ou concorreu a um cargo em eleição.

O crime

O crime aconteceu em uma chácara em Agrovila, zona rural de Confresa, cidade a 1.160 km da capital Cuiabá. Segundo o delegado responsável pelo caso, Victor Oliveira, os dois homens trabalhavam juntos no corte de lenha em uma propriedade e, na noite de 7 de setembro, começaram a discutir sobre política.

“O que levou ao crime foi a opinião política divergente. A vítima estava defendendo o Lula e o autor defendendo o Bolsonaro”, disse o delegado.

Rafael foi levado à delegacia, onde confessou o crime. Ele relatou que, durante a discussão, levou um soco e foi ameaçado com uma faca. Rafael, então, partiu para cima de Benedito e tomou a arma.

Ainda conforme a versão apresentada ao delegado, Benedito correu e foi perseguido por Rafael, que começou a golpear a vítima pelas costas. Benedito teria ficado caído no chão, momento em que o assassino aproveitou para acertá-lo no olho, no pescoço e na testa. Depois disso, Rafael foi até um barracão, pegou um machado e acertou o pescoço de Benedito, que ainda estava vivo.

O autor escondeu as armas do crime e foi andando até a cidade de Confresa. Ele foi até um hospital e solicitou atendimento médico, pois estava com um corte na mão e outro na testa. Ele alegou que tinha sido vítima de uma tentativa de roubo.

Os policiais encontraram a faca e o machado e outros elementos que apontavam para o suspeito no local do crime.

Rafael foi preso em flagrante por homicídio qualificado, por motivo fútil e motivo cruel, e teve a prisão em flagrante convertida para preventiva.

Decisão

Na decisão para a prisão preventiva do autor, o juiz Carlos Eduardo Pinho Bezerra Mendes, da 3ª Vara de Porto Alegre do Norte, disse que “a intolerância não deve e não será admitida, sob pena de regredirmos aos tempos de barbárie”, afirmou.

Ainda conforme o juiz, a sociedade brasileira se baseia em um Estado Democrático de Direito, ao qual o pluralismo político é um dos seus princípios fundamentais, isso torna mais reprovável a conduta de Rafael.

  Morte de petista no Paraná

Em 9 de julho, o petista Marcelo Aloizio de Arruda, de 50 anos e pai de quatro filhos, foi morto a tiros por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro, Jorge José da Rocha Guaranho, em Foz do Iguaçu (PR).

Arruda comemorava o seu aniversário com temática do PT em uma associação esportiva da cidade, quando Guaranho entrou com seu carro no local gritando “Aqui é Bolsonaro”. Após discussão, o bolsonarista baleou Arruda, que morreu após ser socorrido.

A Polícia Civil do Paraná concluiu inquérito e não houve motivação política para o crime e o indiciou por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e causar perigo comum. Em 10 de agosto, Guaranho recebeu alta hospitalar e posteriormente foi preso e levado para penitenciária de São José dos Pinhais.

 

 Fiel foi baleado por PM durante briga por política

Em Goiânia, um policial militar atirou em um homem depois de discussão política dentro de uma igreja da Congregação Cristã no Brasil, no dia 31 de agosto.

Segundo familiares de Davi Augusto de Souza, ele questionou o fato de a igreja distribuir um texto para os fiéis não votarem em candidatos que atuam pela “desconstrução das famílias”.

Após discussão, o PM Vitor da Silva Lopes o atingiu com o tiro na perna. O policial alegou que foi atacado por Davi e seus familiares e teria atirado na perna do homem para se defender.