Existe uma evidente inversão de valores na qual os policiais estão sendo tratados como vilões, e os criminosos como “vítimas”. Esse é um tema que muito me preocupa e que acredito ser necessário combater, porque, sinceramente, não quero viver em uma sociedade na qual bandidos ficam soltos enquanto que policiais são condenados ou julgados a todo instante.

Na prática, os policiais estão sendo cada vez mais impedidos de fazer seu papel de proteção da sociedade contra os criminosos – principalmente, contra aqueles que são violentos, truculentos e que não hesitam em fazer uso de armas ilegais, contrabandeadas, para a prática de crimes hediondos, ou com requinte de crueldade e que em muitas vezes ceifa a vida de policiais, de pais e mães de famílias, de pessoas que estão lutando para garantir suas vidas.

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Hoje são várias regras que se solidificam contra a atuação policial. Uma delas é que os policiais precisam de uma justificativa sólida para realizar a busca pessoal ou veicular, ou seja, atitudes suspeitas não podem mais justificar a abordagem. É o que se chama de “ter justa causa em juízo de probabilidade”, sendo o policial obrigado a descrever com precisão o que justificou a realização da busca.

Esse tipo de obrigação resulta da ideia – muito propagada ultimamente por alguns setores da sociedade – de que a Polícia é “violenta, truculenta, fascista”.

São inúmeras inverdades propagadas contra as Polícias, principalmente a Militar, com base em casos isolados, que ganham intensa repercussão midiática sem a mínima preocupação com as incontáveis ações positivas protagonizadas pelas polícias.

O que causa indignação é que a maioria das pessoas que têm tratado a polícia como “inimiga” nunca esteve em uma viatura, fazendo ronda, ou jamais precisou colocar sua vida em risco para defender a do próximo. Mas, posso afirmar convicto que essas mesmas pessoas, quando precisam, buscam ajuda das Polícias.

Diante deste cenário que parece não fazer sentido, questiono: a quem interessa uma polícia desarmada? A quem vale uma polícia impedida de cumprir seu papel? Ou uma polícia que precisa ser vigiada por câmeras e GPS?

São questionamentos que surgem porque não consigo compreender essa inversão de valores que está fazendo a sociedade regredir.

Nas últimas semanas abordagens policiais pelo Brasil passaram a ser uma das preocupações principais nos noticiários. Inaugurou-se um período de enxurradas de críticas e opiniões de como deve ser o trabalho da polícia, mas pouco se fala de como a criminalidade, fortemente armada, tem aterrorizado os cidadãos de bem.

Como ex-comandante da Polícia Militar de Mato Grosso, tendo 28 anos de carreira na gloriosa PM, posso afirmar, que a missão policial é servir à sociedade, e isso não acontece de forma discricionária. Temos normas claras e objetivas que orientam a abordagem policial e como devemos agir em operações. Além do mais, quando um policial age com excessos ele é responsabilizado e punido por isso.

Por essas razões, é que não se pode considerar os eventuais excessos como regra, muito menos aceitar que o instrumento que o Estado possui para exercer o monopólio da força seja rechaçado por ideias rasas, simplistas, pseudomoralistas e que defendem ideais que contrariam o que a maioria das pessoas querem, que é se ver protegidas contra os criminosos.

Nós, cidadãos que queremos uma sociedade protegida e amparada pelas forças de Segurança, precisamos combater essa inversão de valores. E isso precisa ser feito com urgência. Temos que escolher o que queremos para o nosso presente e futuro, para que em breve, não estejamos reféns dos bandidos soltos e “vitimizados”, que em um dia são presos pela Polícia e no dia seguinte estão nas ruas.

Eu confio nas Polícias e defendo seu fortalecimento para continuar a luta contra a criminalidade e poder ajudar na construção de um Brasil e de um Mato Grosso mais seguros, porque quem de fato precisa ser impedido de agir são os bandidos.

 

*JONILDO JOSÉ DE ASSIS  é  Coronel da Polícia Militar de Mato Grosso e foi comandante geral. Atualmente é pré-candidato à Câmara dos Deputados.

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