Há muito venho ressaltando sobre a importância da finalização das obras do novo Hospital Júlio Müller (HUJM). Parado há cinco anos, a falta desta instituição de saúde gera prejuízos para todo o estado, especialmente para a baixada cuiabana, que conta basicamente com o pronto socorro do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), o Hospital São Benedito, o pronto socorro e o Hospital Metropolitano de Várzea Grande.
Todos eles estão sobrecarregados devido a demanda reprimida do interior do estado.
Desde o início da minha trajetória política tenho alertado as autoridades estaduais e federais sobre a urgência da retomada dessas obras. O que deveria ser o hospital de referência em média e alta complexidade do estado, hoje não passa de mais uma obra fantasma na região.
Só quem já passou a noite em uma fila de espera para marcar uma consulta que, provavelmente, será realizada no mês seguinte sabe do que eu estou falando. Para quem está doente ou tem um familiar nesta situação, esta espera é infinita, cruel e muitas vezes fatal.
Mais de 100 mil pacientes aguardam por atendimento na fila de consulta especializada pelo Serviço Único de Saúde (SUS) em Mato Grosso. Somente em Cuiabá, existem 41 mil pacientes aguardando para serem atendidos por um médico.
O hospital Júlio Müller já deixou de ofertar a população 250 leitos, 23 UTIs para adultos, 16 UTIs pediátricos e 20 UTIs neonatais, além de farmácia, laboratórios, salas de cirurgia e clínicas em diversas especialidades. Sem falar na formação dos alunos e nas clínicas experimentais que ajudariam os estudantes de medicina a se aprimorarem.
Diante deste quadro, é inegável a falta que toda essa infraestrutura faz tanto para os estudantes, quanto para o cidadão mato-grossense.
Tive a oportunidade de percorrer todo o meu estado e vi de perto a dificuldade que os municípios e os prefeitos encontram no custeio da Saúde municipal. Sei que a parte que cabe aos prefeitos mal dá para custear a atenção básica. A minha preocupação é justamente com os municípios com piores índices de desenvolvimento humano (Idh) de Mato Grosso e que necessitam deslocar seus moradores para hospitais mais próximos.
Posso citar como exemplo o município de Santo Antônio de Leverger, que tem um hospital municipal e sofre para custear as suas atividades de alta e média complexidade. Carente de recursos para seu custeio e investimento, a cidade depende da parceria com Cuiabá e Várzea Grande.
A má distribuição de recursos no pacto federativo fiscal brasileiro, com pouca parte desses recursos destinada aos municípios e a dificuldade de custear os hospitais locais, faz com que os prefeitos acabem dependendo inteiramente de recursos parlamentares. Por isso, todos os dias passam no meu gabinete, em Brasília, muitos prefeitos e vereadores que buscam recursos na área de Saúde de modo a amenizar esse drama que o interior vive.
Muitos acabam adotando a popularmente chamada de “ambulância-terapia”, que é colocar o paciente em uma ambulância ou carro improvisado e levá-lo para o hospital em uma cidade vizinha mais próxima. Essa atitude sobrecarrega o hospital municipal, o metropolitano, sobrecarrega toda a estrutura da capital Cuiabá, que tem mais de 60% nos seus leitos sendo ocupados por pacientes do interior.
É por isso que vejo o investimento no Hospital Júlio Müller como uma das primeiras ações em direção a uma saúde pública eficiente e humanizada no nosso estado. A situação desta instituição de Saúde reforça uma das minhas bandeiras, que é a revisão do pacto federativo e um fortalecimento do orçamento municipal e estadual. Quando conseguimos abrir um hospital universitário, conveniado com o Ministério da Educação (Mec), que ajuda no seu custeio e alivia e muito os cofres estaduais e municipais, unimos o útil ao agradável.
Subi à tribuna juntamente com a bancada federal de Mato Grosso à disposição do governo do Estado para juntos conseguirmos uma solução para esse problema do nosso estado. Coloco-me à disposição de todos os envolvidos para retomar esta construção, que será de grande valia para a assistência médica da nossa gente. Na hipótese de um aditamento da obra, de uma necessidade de recursos extras, tenho certeza que a bancada federal estará de prontidão, atenta, articulada, coesa e sensível à essa demanda tão importante.
Tenho defendido sempre que nossos municípios precisam receber uma maior porcentagem dos impostos arrecadados dentro do estado. Precisamos manter um olhar apurado para o custeio das necessidades básicas que estão em falta dentro de muitas comunidades.
A celeridade desta obra se faz urgente e beneficia a todos que de alguma forma utilizam os serviços oferecidos por ele. Continuarei me esforçando para que a expectativa de uma rede de saúde eficaz se realize para todos os mato-grossenses.
*EMANUEL PINHEIRO NETO é deputado federal por Mato Grosso pelo MDB.
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