Antes de ser ovacionado pelos milhares de alvinegros que encararam o sol forte no Nilton Santos para recebê-lo, o japonês Keisuke Honda, novo reforço do Botafogo, não escondeu a felicidade com todo o carinho que vem recebendo antes, durante e depois do acerto com o clube. E garantiu: nunca viu nada parecido.
– Para ser honesto, tive algumas ofertas da Europa e da Ásia, além do Botafogo. Não foi fácil decidir, porque muitos outros clubes também fizeram boas ofertas. Pensei o que era o melhor para mim e para a minha família. De início, decidir vir para cá porque as pessoas daqui estavam esperando por mim. Eles vieram, fizeram contato em todas as redes sociais. Senti essa emoção deles, essa animação no aeroporto.
– Eu nunca vi nada assim. Nunca vi algo tão bonito em toda a minha vida. Acho que essa paixão dos torcedores me fez decidir jogar aqui.
Honda ainda afirmou que nunca tinha vivido emoção parecida, nem mesmo no Milan, onde atuou de 2014 a 2017 e também foi recebido por bastante torcedores.
– Ontem (sexta-feira), até fui pego de surpresa por tanta gente e tanta paixão. Nunca senti isso na minha carreira. Quando fui para o Milan, também houve muito torcedor e me senti pressionado. Ontem, foi maior ainda. Quando fui para o México, achei que não tinha tanta pressão porque não dava para ser maior do que no Milan. Agora, não. No Brasil, como japonês, penso no que posso fazer. Sinto essa pressão e gosto disso. Quero retribuir a todos.
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Já sabe falar português?
Não sei muita coisa em português. Só “obrigado”, “muito prazer”, “vamos”… E Botafogo (risos). Conheci muitos jogadores brasileiros no Japão, também na Rússia e na Itália. Lembro de algumas palavras, mas tenho que estudar. Vou melhorar meu português.
Sobre a opção de rescisão após as Olimpíadas
É uma opção que colocamos no contrato. Estou aqui, focado em jogar como atleta do Botafogo. Não penso nessa opção agora. Quero pensar nisso depois das Olimpíadas. Quero ficar aqui o máximo de tempo que for possível. Foi por isso que decidi jogar aqui. Estou focado em fazer as pessoas que foram ao aeroporto felizes o mais rápido possível.
Grande desafio de chegar ao Brasil
Japão e Brasil sempre tiveram ligação forte, uma conexão durante a história. No futebol, Brasil e Japão têm diferenças. Por isso, para um japonês chegar ao Brasil é muito difícil, um grande desafio. Muitos brasileiros foram para o Japão e estão jogando e ensinando futebol. O que é muito bom para o futebol japonês.
Honda é apresentado como novo reforço do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Quer ir ao Maracanã assistir ao Clássico Vovô
Quero ir ao jogo, mas preciso me adaptar o mais rápido possível para poder jogar. Tenho muita coisa para fazer, ainda não tenho casa, outras coisas para resolver. Por isso, vou tentar estabilizar tudo aqui no Brasil. Mesmo assim, quero ir ao Maracanã e ver esse jogo.
Sobre desabafo nas redes sociais
No futebol, tive várias experiências. Todas foram importantes. Agora, como pessoa, como pai, como educador, tudo isso me ajudou. Como jogador, quero mais um desafio grande, importante. Acho que tenho isso no Botafogo. Quero dar alegrias aos torcedores. Vou dar o meu máximo como jogador.
Honda é apresentado como novo reforço do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Inspiração em atletas brasileiros
Brasil e Japão têm uma história no futebol. Os jogadores japoneses se inspiram nos brasileiros. Sei da história do Botafogo, e sei que é um grande desafio estar aqui. Ainda mais com tanta gente me esperando. Estou aqui para me desafiar, quero tirar desse projeto tudo o que eu posso.
Com Olimpíadas e Botafogo, o que Honda projeta para o futuro?
Quando estará pronto para jogar?
Treinei todos os dias, mas sozinho. Por isso, vou precisar de tempo para me adaptar, conseguir entrar em ritmo de jogo. Quando começar a treinar com o time é que vou sentir quando vou poder jogar. A minha ideia é trabalhar por duas ou três semanas antes da estreia.
Pensa em jogar apenas como meia ou também na ponta direita, como no Pachuca?
No Botafogo, posso jogar conduzindo o jogo, porque temos muitos atacantes bons e jovens. Por isso, quero aproveitar essa qualidade desses jovens. Quero ser um armador, um meia-atacante para ajudá-los.
Honda comenda da rivalidade entre Botafogo e Flamengo
Zico, uma figura muito relevante para o futebol japonês, falou muito bem de você. Você sabe da rivalidade que o Botafogo tem com o Flamengo, clube do qual ele é o maior ídolo?
Eu só agradeço ao Zico pelas coisas que fez para mim e para nós. Por isso, não quero que fique decepcionado comigo. É uma motivação jogar bem. Na Europa, também joguei e convivi com um monte de rivalidades. Eu também vou sentir aqui no Botafogo e Flamengo. Então vou jogar bem contra o Flamengo e quero dar alegrias para os botafoguenses.
Honda é apresentado como novo reforço do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Sobre paixão da torcida e vaias para presidente e técnico
Se o Botafogo não esteve bem nas últimas temporadas, essa é uma grande oportunidade para mim e todos que estão aqui. Podemos trabalhar para subirmos todos juntos. Quero contribuir com a minha experiência. Claro que não tenho a experiência do Seedorf, mas também posso ajudar esse clube. Esse é um momento para todos nos desafiarmos.
Já falou com Seedorf, ídolo do Botafogo e que foi seu treinador no Milan?
Ele é uma pessoa um pouco difícil de acessar, ainda não consegui falar com ele (após o acerto com o Botafogo). Mas, no Milan, foi muito bom tê-lo como técnico. Aprendi muito com ele.
Conhecendo a história gloriosa
Estou conhecendo a história do Botafogo, estudando, mas ainda falta muita coisa. Quero aprender tudo e sentir essa história gloriosa. Gosto da camisa 4, uso há muito tempo, também na seleção japonesa. Tenho um carinho pelo número, por isso escolhi. (Globo Esporte)