Em 2018, enquanto escavações eram conduzidas no Regio V da antiga cidade de Pompeia, um curioso esqueleto humano foi localizado sob um grande pedaço de pedra. Inicialmente, especulou-se que esse indivíduo teria sobrevivido à erupção inicial do vulcão Vesúvio — mas morrido esmagado por uma rocha, o que lhe rendeu o apelido de “homem mais azarado de Pompeia”.
No entanto, o momento final de vida do homem pode não ter sido tão tragicômico como se pensava. Conforme o site IFLScience divulgou nesta quarta-feira (13), o crânio do indivíduo morto em 79 d.C. estava intacto, bem como a parte superior do tronco e braços.
O que levou cientistas a acreditarem que ele foi esmagado?
O falecido tinha cerca de 30 anos de idade quando veio a óbito. A princípio, sua localização, em um beco, levou pesquisadores a interpretar que ele havia tentado se esconder das cinzas vulcânicas e detritos, quando foi atingido na cabeça pela placa de rocha.
Por isso, o crânio do exemplar, que estava bem embaixo da pedra, foi presumido esmagado. Ao considerar a catastrófica sequência de eventos em Pompeia, marcada pela ocorrência de terremotos e a eliminação de fumaça tóxica e detritos minerais, a teoria fazia bastante sentido.
O homem poderia muito bem ter sido atingido por uma das pedras lançadas aos céus pelo vulcão, ou mesmo por uma parte de alguma construção civil, que se soltou com os fortes tremores. Porém, a equipe de arqueólogos do sítio resolveu averiguar mais a fundo.
Então, o que de fato aconteceu?
De acordo com uma nota publicada nas redes sociais pela organização do Parque Arqueológico de Pompeia, a morte do indivíduo se deu, na verdade, pela asfixia causada pelo fluxo piroclástico (mistura de cinzas, rochas e gases vulcânicos). Este fator foi o principal responsável pela morte da população da cidade-fantasma.
“As investigações em andamento no cruzamento das estradas Vicolo delle Nozze d’Argento e Vicolo dei Balconi, onde os primeiros restos mortais foram encontrados, trouxeram à luz a parte superior do corpo, que estava localizada um pouco abaixo dos membros inferiores”, escrevem os pesquisadores.
Os especialistas acrescentam ainda que havia um túnel, abaixo da posição deitada do corpo e presumivelmente datado da era Bourbon, “cujo desabamento levou ao deslizamento e colapso de parte da estratigrafia superior” — porém, “não do bloco de pedra, que continua localizado na estratigrafia original”.
Portanto, a morte do homem “azarado” provavelmente não foi devido ao impacto do bloco de pedra, como inicialmente se supôs. Apesar disso, os restos esqueléticos seguem em análise. Espera-se que a avaliação do material, sobretudo a partir de algumas fraturas localizadas na parte superior do tórax, crânio e mandíbula, ajudem a reconstruir essa história mórbida.
( Arthur Almeida)