Lá tinha Fiote e o seu armazém “A Futurista” e a sua querida Amália de Campos, Dutra e o seu “Fumo bom”, Gracildes e a sua “competente escola”, Ranulfo “ professor” e a sua paixão pelo futebol, pai de Antero Paes de Barros, Maria Inês, advogada, procuradora, mãe de Roberto França Auad, senador Benedito Canellas, Ex governador Pedro Taques, desembargadores Wandir Clait Duarte e Mauro José Pereira, o artista Liu Arruda, um dos ícones da cultura mato-grossense; o historiador Virgílio Alves Corrêa, o artista plástico Jonas Barros, professores Maria e Floriano de Carvalho, João de Campos Borges, o João Coco e Ataíde Taques com os seus armazéns de secos e molhados, Nadir Barreto Pereira Borges, o Ex governador Frederico Campos, professor Francisval de Brito, Alba Calhao Figueiredo, Gerard Tréchaud e, um tanto de outros personagens que permeiam a nossa infância e juventude.
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Hoje a rua 24 de Outubro, localizada no bairro Lava-pés, em Cuiabá-Mt, espremida entre as avenidas presidente Vargas e Isac Póvoas amanheceu triste. Faleceu aos 96 anos uma de suas moradoras muito querida e conhecida por todas aquelas criançadas que por ali viveu, cresceu e nunca esqueceu dos seus moradores, como eu. Ia quase todo dia na venda comprar algo.
Amália Curvo de Campos nasceu em Jacundá, no município de Poconé-MT, filha de Francisco Alberto Curvo, o qual a chamava carinhosamente de “Chá Amália”, seu maior incentivador dos estudos e, Benedita Bernadina Cunha Curvo, neta de Ana Antônia Curvo e João Alberto Curvo e de Felipe Vieira da Cunha e Ana Rita da Cunha. Foram seus padrinhos de batismo Francisco Xavier de Campos, “Nhô Chico do Monjolo”, que depois viria a ser prefeito de Livramento e Ana Francisca de Campos. Lembrando que seu batismo se deu na localidade de “Lavandeira”, para onde os padres franciscanos, como Frei Francisco Herail e Berardo Mendes, sempre se dirigiam para rezar missas e ministrar sacramentos. Dona Amália foi crismada por dona Olegária da Cunha, que, por força do destino, tornou-se sua fiel escudeira, acompanhando-a pelo resto da vida.
Amália conheceu Seo Fiote em Nossa Senhora do Livramento-MT, em uma festinha da cidade, ambos estudantes, aos 9 anos de idade, quando morava na casa de seus tios Manoel Odorico Maciel e Estevina Monteiro Maciel, onde começou a sua alfabetização. Sua primeira professora foi Antônia de Arruda, “professora Tetê”, Maria Tomich Monteiro e a diretora Maria Arlindo da Costa. Com 6 meses de estudo, já sabia ler e escrever. Sua primeira amiga foi Maria Geraldina da Silva.
Tinha orgulho em dizer que foi aluna do professor Feliciano Galdino de Barros, jornalista, escritor e defensor dos direitos humanos. Convivia com as idas e vindas entre Livramento e Cuiabá.
Mais tardes se reencontraram na cidade de Várzea Grande e Cuiabá-MT. Para estudar morou na casa de parentes, na rua 13 de Junho, em Cuiabá. Estudou na Escola Modelo Barão de Melgaço. Como estudante, morou na residência de Licínio Monteiro e Isabel de Arruda Monteiro da Silva “dona Bebé, no bairro do Porto, em Cuiabá. Foi aí que iniciou o seu curso de enfermagem na saúde pública, com duração de dois anos.
Tinha por ofício a enfermagem e fundou o primeiro Posto de Saúde de Várzea Grande-MT. Quando então primeira dama do município de Várzea Grande, construiu o Posto de Puericultura hoje denominado Postão. Dedicou 18 anos de trabalho pela saúde do povo várzea-grandense. Ela foi, durante 20 anos, presidente da Sociedade de Proteção à Maternidade e Infância da cidade, duas vezes primeira-dama de Várzea Grande, quando seu Fiote foi prefeito da cidade, nas décadas de 1950 e 1960, mas o sonho era ser professora.
Casou-se com Júlio Domingos de Campos, comerciante e pecuarista, seu Fiote, falecido em setembro de 2007, por duas vezes prefeito de Várzea Grande-MT (1951/53) e (1957/61), em 28 de novembro de 1944, ela com 19 anos, ele com 27, cujo vestido de casamento foi costurado por ela mesma, em seda branca, com bordados de organza. Para essa tarefa obteve ajuda de Dona Petita Avolinsque de Leão. Após o casamento foram residir em Várzea Grande, tendo como labuta de trabalho, o comércio, em paralelo, exercia as atividades de enfermeira, além de exercer com maestria, a arte de costurar para a família.
Mais tarde, entre os anos de 1963 e 1964, a família Campos mudou-se para Cuiabá, estabelecendo-se na Rua 24 de Outubro, na capital, estruturando o comércio, oportunizando aos filhos melhores condições em escolas. Em 1980 o grupo Futurista retornou a Várzea Grande e, encerram-se as atividades em 1984. Deixou um legado de bons frutos, na sociedade cuiabana e mato-grossense, homens e mulheres valorosos que circundas por diversas áreas de atividades, inclusive, a política.
A Rua 24 de Outubro´, onde comércio é especial, com lojas pequenas, singulares, emudeceu. Foi assim que a Rua 24 de Outubro passou a ser, além da ‘Rua do Poder’, uma rua charmosa. Quem passa por ali, tem aquela sensação de voltar no tempo, uma sensação de tranquilidade. Você vê os casarões, os armazéns, as galerias que mantém as fachadas de anos atrás”, hoje perdendo uma moradora ilustre.
O pioneiro da família “Seo Fiote” é neto de Antônio Marques e Escolástica Ribeiro de Azevedo (1790), pais de Veríssimo de Campos. Filho de Porfiria Paula de Campos (1879) e Veríssimo de Campos (1875), irmão de Maria Agostinha e Gonçalo Domingos. Por convivência, teve mais duas irmãs: Sebastiana de Campos Pereira e Antônia Campos Carmona. Casou com Amália Curvo Campos. Filhos: Doralice Izabel Campos Cardoso, casada com Humberto Cardoso; Juracy Campos Braga, casada com Sérgio Braga; Júlio José de Campos, casado com a professora Isabel Pinto de Campos, falecida em 1º de dezembro de 2012; Jaime Veríssimo de Campos, casado com Lucimar Sacre de Campos, Ex atual prefeita municipal de Várzea Grande (MT), 2018; Ivete Campos Sguarezi, casada em primeiras núpcias com Odenil Padilha, em segundas núpcias com Vandir Jorge Sguarezi; Márcia Campos Rondon, casada com João Rondon, Benedito Paulo de Campos, solteiro; Circe Bernadete de Campos, solteira; João Francisco de Campos, casado com Eliane Ormond; Marilene Campos Pires de Miranda foi, casada com Jorge Pires de Miranda, cuja família se ramificou em Cuiabá, Várzea Grande, Livramento e outros em : Campos Cardoso; Pinto de Campos; Campos Braga; Sacre de Campos; Ormond de Campos; Padilha de Campos; Campos Sguarezi; Campos; Campos Pires de Miranda; Campos Rondon; Vizotto; Campos Neto; Campos Bisneto; Campos Braga Nolasco; Ferreira Nolasco Neto; Braga Nolasco; Lobo Braga; Sacre Campos Soares; Sacre de Campos Souto; Campos Gonçalves; Corrêa da Costa Sguarezi; Campos de Miranda Fernandes; Campos de Miranda; Matheo Hirose Ventura Miranda; Antônio Figueiredo Miranda.
*NEILA MARIA DE SOUZA BARRETO é jornalista, escritora, historiadora e Mestre em História. É membro da Academia Mato-Grossense de Letras (AML).
E-MAIL: neila.barreto@hotmail.com
CONTATO: www.facebook.com/neilabarreto.barreto1
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