Tratado nos bastidores do Palácio Paiaguás como o autêntico “Cain” da política mato-grossense, o ministro Carlos Fávaro (PSD) terá que seguir na vida pública tendo o governador Mauro Mendes (União) como rival. A tentativa de alguns emissários de relativizar os fatos de 2022 e costurar o reatamento da relação de Favaro com Mendes deu em nada, supostamente por causa do histórico rol de traições do ministro.

Pelo menos quatro emissários de primeira grandeza que tentavam costurar o restabelecimento da parceria de Fávaro com o grupo de Mauro Mendes, nos últimos meses, ouviram a mesma resposta e não houve avanço. A interlocutores privilegiados que defendiam que Fávaro fosse repatriado para o grupo, Mendes teria respondido da mesma forma: “houve quebra de confiança”.

Em sendo assim, Mauro Mendes não perdoa e se junta a outros ex-amigos que foram vítimas do punhal político de Fávaro, sempre desferido pelas costas. O ministro da Agricultura imaginava que, em 2026, disputaria o governo de Mato Grosso com o apoio de Mendes.

Em 2010, ele se tornou vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil). Isso lhe deu musculatura para   se eleger presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT), no período de 2012 a 2014.

Muitos dos que apoiaram Fávaro para comandar a Aprosoja, depois, denunciaram que teriam sido traídos pelo ex-aliado.

Na seqüência, em 2014, então no PP, Fávaro foi indicado para ser vice-governador na chapa encabeçada pelo governador Pedro Taques (PDT). Venceram as eleições. Ele migrou para o PSD, onde é o atual presidente, e quase por três anos comandou a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT).

No final  do mandato, traiu o governador. De pronto, rompeu com Taques. Saiu candidato ao Senado, na chapa encabeçada pelo governador Mauro Mendes, que derrotou Pedro Taques. Já Fávaro perdeu para a ex-juíza Selma Arruda (PSL).

Selma Arruda foi cassada pelo TSE e Fávaro assumiu como senador interino, fortemente  apoiado por Mendes. Depois, disputou as eleições suplementares para o Senado da República por Mato Grosso, em 2020, e se elegeu, com apoio maciço do grupo de Mauro Mendes.

Em 2022, Fávaro traiu o atual governador e se aliou ao seu maior rival, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), de Cuiabá. Carlos Favaro apoiou a primeira-dama Márcia Pinheiro (PV), para governadora, contra a reeleição de Mendes, vencedor do pleito, no primeiro turno.

“De fato, o governador avisou que não tem volta! Houve quebra de confiança. E também pelo histórico de traições”, revelou alta fonte palaciana, para a reportagem.

Em sendo assim, aliados da Aprosoja-MT, Pedro Taques e Mauro Mendes, entre outros, sentiram na pele – ou nas costas – a força do punhal político de Carlos Fávaro.