Aos 36 anos e sem clube depois de se despedir do São Paulo no último fim de semana, Hernanes explicou os motivos que o fizeram deixar o Tricolor em entrevista ao “Bem, Amigos!” nesta segunda-feira.

O convidado da noite falou também sobre a emoção de deixar o time em que foi revelado e pelo qual teve três passagens na carreira, a última delas coroada com o título paulista que quebrou um jejum de nove anos sem conquistas do São Paulo. Atualmente, porém, ele não vinha jogando.

– O que me fez chegar até a diretoria foi isso: eu estava sendo útil da maneira que eu poderia ser, mas não era a maneira que eu queria e nem que estava acostumado. Queria voltar a ser protagonista dentro de campo, e percebi que no São Paulo não estava conseguindo, por mais que eu tentasse. Isso é um sentimento, ser útil. A gente está aqui para servir através do nosso trabalho, e não poder colocar todo nosso potencial para fora… – disse Hernanes.

– Acabei tomando essa decisão, pois acredito que posso ser útil, quero muito ainda jogar futebol. Me transformaram num ídolo, é legal e tudo, mas quero voltar a ser jogador de futebol. Foi o principal motivo para deixar o São Paulo neste momento. Quero jogar.

O Profeta vinha sendo pouco utilizado desde a temporada passada, ainda sob o comando de Fernando Diniz. Nas últimas semanas, com pouco espaço com Hernán Crespo, procurou a direção para negociar a saída.

– O Diniz foi um dos melhores treinadores que eu tive. Mas para meu estilo de jogo não se encaixava no que ele propunha. Falei para ele que estava fora e com razão, é assim que ele joga e não me encaixo. Já com o Crespo não, o sistema em que ele joga poderia me encaixar, mas também não tive muito espaço. Eu que não consegui acompanhar, por diversos fatores. Lesões principalmente, mas esquema tático, estilo de jogo, enfim…

Para Hernanes, as lesões foram o principal entrave.

– As lesões atrapalharam bastante. Nunca tive tantas lesões assim, só tive uma artroscopia no menisco em 2009, nunca foi acostumado a lidar com isso. Você não tem sequência, e o São Paulo é um clube muito competitivo, está sempre chegando moleque da base, moleque de fora. Se você não está bem, vai ficando para trás. O principal problema foi com lesões. Depois veio a situação da pandemia, que parou tudo ano passado… Depois o esquema de jogo, que às vezes não me beneficiava. Depois, enfim, uma soma de fatores que fizeram com que eu não conseguisse acompanhar o ritmo.

– Naturalmente e justamente, as lesões atrapalharam muito, não consegui ter sequência nem ritmo de jogo. Depois de tanto tempo no futebol você aprende a treinar para estar bem. Quando ia forçar meu corpo para superar os limites, acabava com mais uma lesão e tinha que recomeçar tudo. Sobre o treinador, não é sobre respeitar minha história. Esquece disso, não queria ser tratado assim nem estar em campo porque fiz isso ou aquilo no passado. Naturalmente não consegui acompanhar – explicou.

Agora, Hernanes pensa no futuro, e ainda dentro de campo. O meio-campista revelou já ter tido contatos de clubes interessados e avisou que sua prioridade é permanecer no país e continuar jogando o Brasileirão.

– Na verdade eu gostaria muito no Brasil, estou com muita vontade de jogar o Brasileirão. Fiquei alguns jogos no banco, estava com muita vontade mesmo. Já joguei vários campeonatos, a Série A da Itália, mas o Brasileirão tem uma magia legal. Gostaria muito de me encaixar num clube aqui no Brasil.

– Já chegaram (contatos), estou avaliando e pensando com cuidado. Tem cidade que só tem um clube (risos).

Hernanes fala sobre o possível futuro como treinador

Apesar de não revelar possíveis destinos, Hernanes tem em mente o que espera de seu próximo clube.

– Para ter um Hernanes que não está no top, conseguindo fazer a diferença, na minha posição tinha Liziero, Igor Gomes, Benítez, Rigoni, Vitor Bueno… Qualquer um desses jogadores consegue suprir. Tem muita competição. Se você não está bem, acaba ficando fora. Um clube que não tenha tanta competição e precise que eu esteja bem, vai me dar uma atenção e tempo maior. É o que eu preciso. E o treinador entender a posição que quero jogar, me sinto melhor e possa ajudar e ser útil.

– Depois que joguei na Lazio como segundo atacante, joguei na Inter como número 10, poderia até pegar menos na bola, mas era mais decisivo. Aprendi a ser mais decisivo quando jogava na frente. Em 2017 fui decisivo quando jogaram Jucilei, Petros e eu como terceiro homem de meio-campo. Minha posição é ali, segundo volante, desde que a gente tenha atrás três zagueiros. Eu preciso de uma rede de proteção atrás de mim, eu não posso ser a rede de proteção – analisou. (Globo Esporte)