O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, afirmou que o governo deverá fechar o ano de 2023 com déficit da ordem de R$ 130 bilhões, que, segundo ele, já estava contratado pelo governo anterior, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seu ministro da Economia, Paulo Guedes.

“Nós estávamos com um problema fiscal herdado do governo anterior”, disse Haddad nesta sexta-feira (22/12) em café com jornalistas, realizado na sede da pasta. Segundo ele, o Orçamento de 2023, enviado pela gestão passada, já previa um déficit de mais de R$ 60 bilhões e, além disso, havia outras despesas contratadas que estavam a descoberto, como o Bolsa Família e parte dos gastos da Previdência.

Haddad frisou que enviou ao Congresso uma série de projetos de lei (PLs) e medidas provisórias (MPs) que faziam as contas fecharem. “Isso não é habitual”, ressaltou.

“O déficit estimado para o ano de 2023, feito pelo governo anterior, já estava em torno de R$ 130 bilhões. É preciso registrar esse fato porque isso é um dado da realidade. Isso não é uma acusação, não é uma reclamação. Eu estou dando o dado real, concreto, da realidade. A previsão de déficit para este ano, feito pelo governo passado, já chegava no montante de cerca de R$ 130 bilhões, que é o que vai acontecer”.

“Esse déficit da ordem de R$ 130 bilhões, R$ 140 bilhões inclui o pagamento de quase R$ 20 bilhões para estados e municípios, também fruto de outra ação direta de inconstitucionalidade junto ao Supremo”, completou o ministro da Fazenda.

Haddad fez referência ao acordo feito entre os Poderes para garantir a recomposição de R$ 27 bi do ICMS a estados e municípios, que perderam receitas com a redução da alíquota que aconteceu entre junho e dezembro do ano passado, em meio ao processo eleitoral.

A meta máxima estabelecida para 2023 é de déficit de R$ 213,6 bilhões (2% do PIB). Portanto, o resultado deverá ficar abaixo da meta.

Extraoficialmente, a equipe econômica trabalhava com um cenário de déficit fiscal inferior, próximo dos R$ 100 bilhões (1% do PIB), mas ainda no vermelho. Haddad vinha dizendo que iria perseguir esse número, o que não foi possível, revela ele agora.

A partir de 2024, a meta da equipe econômica é de déficit zero. “Vamos buscar essa meta, porque ela é importante para o país”, reforçou Haddad nesta sexta.

(Flávia Said/Metrópoles)