A comprovada crise econômica que assola o Brasil, e que atinge também o setor do agronegócio, continua prejudicando a saúde financeira dos produtores rurais de Mato Grosso. Tal segmento sofre ainda com interferências climáticas, que afetam diretamente a produção, além da variação cambial e juros elevados. Todos esses fatores elencados afetaram o Grupo Pereira, que entrou com pedido de recuperação judicial com um passivo de quase R$ 30 milhões.
O grupo é liderado pelo ex-prefeito Érico Piana Pereira, que teve quatro mandatos na Prefeitura de Primavera do Leste. Érico Piana também foi presidente da Associação Mato-Grossense dos Municípios (AMM) e secretário de Estado de Agricultura e Desenvolvimento Rural.
Formado pelos empresários rurais Erico Piana Pinto Pereira, Neiva Piovesan Pereira e Péricles Piovesan Pereira, o Grupo Pereira possui sede na cidade Primavera do Leste (a 239 quilômetros de Cuiabá). Com mais de duas décadas no ramo, atualmente desenvolve suas atividades em 1.200 hectares de terras próprias, além de arrendar 1.500 hectares para o cultivo das lavouras de soja, milho, feijão, algodão, milheto e crotalaria. Nos períodos de safra, são geradas dezenas de empregos.
Para entender melhor a crise que assola o Grupo, o ano 2004 ganha destaque com o surgimento da ferrugem na soja. Uma doença totalmente desconhecida até então, que causou prejuízo enorme nas lavouras, marcando o início do desequilíbrio financeiro. Não bastasse a praga e as secas prolongadas nos últimos dois anos, a crise na economia mundial dificultou ainda mais a situação financeira, tornando-a praticamente insustentável.
“Apesar de toda a experiência no setor, diversas medidas tomadas para quitar seus compromissos com credores, a variação do preço do dólar, em especial nos últimos anos, tornou impossível o pagamento das dívidas. E mesmo após fazer uso de terrenos, imóveis urbanos e veículos como forma de pagamento aos credores, não restou alternativa senão ingressar com o pedido de recuperação judicial”, explica o advogado Euclides Ribeiro, da ERS Consultoria e Advocacia, responsável pelo processo.
Ainda de acordo com Ribeiro, a história do Grupo Pereira se confunde com a de todos os demais pioneiros produtores rurais, que se perderam pelo caminho e acabaram abandonando a atividade.
“O cenário é devastador e preocupante e está impondo a perda de terras e criando a exclusão definitiva do maior responsável pelo agronegócio no Brasil, o produtor rural. Fazer uso da ferramenta da recuperação judicial é essencial para proteção do direito à atividade. É a melhor forma de uma permissão legal para que os devedores, juntamente com seus credores, negociem uma forma de manter a fonte produtora de empregos, receitas e tributos”, finaliza Euclides.
A partir do deferimento do Pedido de Recuperação Judicial, o processo tem continuidade com a elaboração do plano de recuperação, em que a empresa expõe as dívidas e a proposta de pagamento aos credores.