A greve deflagrada pelos policiais penais, que continua mesmo após a desembargadora Antônia Siqueira Gonçalves, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, tê-la declarado ilegal e determinado retorno imediato ao trabalho sob pena de multa diária de R$ 100 mil, já começou a gerar repercussões dentro das unidades prisionais.
Chegou a circular a informação que na madrugada desta quarta-feira (22) a equipe de plantão teria frustrado uma tentativa de fuga, o que foi negado pela Secretaria de Segurança Pública (Sesp).
Algumas lideranças criminosas de dentro da unidade estão insatisfeitas com a falta do banho de sol e também pelo fato de as marmitas estarem sendo servidos nas próprias celas. Há, inclusive, a ameaça de que – caso a situação não mude nos próximos dias – possa acontecer uma rebelião.
Ontem (21), na cidade de Peixoto de Azevedo, os policiais penais se recusavam a aceitar um preso que já estava há quatro dias na delegacia. Mesmo com a presença do representante do Ministério Público Estadual (MPMT), o criminoso não foi aceito.
Em outras unidades do estado, também começam a surgir movimentações por parte dos presos. Vale lembrar que eles estão já há tempos sem receber visitas.
Na última sexta-feira (17), o governador afirmou que a decisão da justiça de considerar a greve dos policiais penais ilegal foi “óbvia” pois, segundo ele, está na Constituição que servidores da segurança pública não podem fazer greve, e isso precisa ser respeitado.
O chefe do executivo estadual ainda negou que tenha oferecido aumento de 15% à categoria, e disse que não teve medo de problemas maiores nas penitenciárias por conta do movimento: “não posso como governador ter medo de A, B ou C, porque alguém falou isso, falou aquilo. Se não, eu não poderia ser governador desse estado”.
O início do movimento grevista aconteceu há duas semanas, quando os policiais solicitaram que seus salários fossem equiparados aos das outras policiais. Atualmente, o salário inicial dos policiais penais é de cerca de R$ 3.100.
“É indubitável que a paralisação dos serviços prestados pelos servidores penitenciários por estar relacionado à manutenção da ordem pública, poderá colocar em perigo iminente a segurança não só dos encarcerados, mas de toda a sociedade, agravada ainda mais por estarmos no período de festas natalinas e recesso judiciário”, pontuou a desembargadora Antônia Siqueira Gonçalves, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que declarou ilegal a greve.
Na ação, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) relatou que a greve é ilegal e abusiva, pois não respeitou a manutenção do percentual mínimo de servidores nos postos de trabalho.
Além disso, a PGE alegou que sempre se colocou à disposição para o diálogo, porém o sindicato insiste em cobrar reajuste em “patamares irreais”, reivindicando aumento de 90% no salário.