A proposta de Renato Portaluppi para que nenhum clube seja rebaixado em 2024 não partiu do Grêmio e nem do Inter. A ideia foi levantada por outros clubes da Série A em conversas informais entre os dirigentes. O assunto esquenta nos bastidores a menos de uma semana da reunião do Conselho Técnico da Série A, na próxima segunda, dia 27, e será uma das pautas a ser debatida com a CBF.

É muito difícil que a iniciativa saia da teoria e se transforme em prática. A alternativa estudada esbarra em obstáculos legais e políticos. O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, em entrevista recente ao ge, descartou, num primeiro momento, aplicar soluções como impedir a queda de divisão dos times gaúchos. A entidade confirmou as novas datas do Brasileirão e locais dos jogos gremistas na terça.

O Tricolor entende que a isonomia do Campeonato Brasileiro está prejudicada, uma vez que o time ficará boa parte da competição sem mandar jogos em Porto Alegre. Competir longe de casa e de grande parte da torcida é visto internamente como um notório desequilíbrio técnico.

A Arena, aliás, está muito longe de reunir o mínimo de condições para eventos e jogos. Apenas uma parte do gramado está aparente, na zona central do campo. Os demais pontos seguem alagados. A coloração da grama está escura, prejudica pela lama da cheia do Guaíba.

Duas partidas pela Libertadores, com The Strongest e Estudiantes, estão confirmadas para o Couto Pereira, em Curitiba. Para os pontos corridos, o objetivo é definir uma casa temporária no Rio Grande do Sul – Caxias, Erechim e Passo Fundo foram locais citados como possibilidades.

– O princípio dos pontos corridos, uma fora e uma em casa, está quebrado, especialmente para o Grêmio, o Inter ainda volta antes. Não se sabe se só os gaúchos ou se todos os times (seriam impedidos de cair). Ninguém (do Grêmio) fez um estudo do regulamento – declarou uma fonte gremista ao ge.

Além de não ter a Arena e das dificuldades logísticas, já que o aeroporto de Porto Alegre segue fechado por tempo indeterminado e há muitas estradas bloqueadas no estado, o Grêmio também se preocupa com a questão esportiva. O time terá três confrontos decisivos pela Libertadores em um intervalo de apenas 11 dias.

Alberto Guerra, presidente do Grêmio — Foto: Bruno Ravazzolli

Alberto Guerra, presidente do Grêmio — Foto: Bruno Ravazzolli

Renato Portaluppi elencou argumentos que o deixam apreensivo com a retomada das competições: defasagem física, ritmo de jogo e aspectos psicológicos – este, de acordo com o treinador, é perceptível no semblante dos atletas, ainda aflitos com as consequências das enchentes no RS.

– Tem muita gente que acha que as águas do (lago) Guaíba vão baixar e vai tudo voltar ao normal. Acho que muita coisa, infelizmente, vai continuar acontecendo. E a parte psicológica dos jogadores vai ficar afetada. (…) Acho que seria a melhor ideia (não ter rebaixamento no Brasileirão), mas não cabe a mim. Eu penso dessa forma – disse Renato.

O Grêmio volta aos treinos às 10h desta quarta-feira, no CT Joaquim Grava, em São Paulo. Na quinta, às 15h30, o Tricolor fará um jogo-treino contra Portuguesa, no CT do Parque Ecológico, na zona leste da cidade, sem acesso para torcida e imprensa.

A retomada dos jogos será daqui uma semana, no dia 29, contra o The Strongest, pela Libertadores. O time gaúcho é o lanterna com dois jogos a menos em relação aos bolivianos, que já estão classificados. (GE)