Gerson chegou à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância às 9h53 para dar seu depoimento sobre a acusação de injúria racial ao jogador Ramírez, do Bahia, durante a vitória do Flamengo por 4 a 3, domingo, no Maracanã. Ele foi acompanhado pelo vice jurídico do clube, Rodrigo Dunshee, pelo advogado Rômulo Holanda, além de seu pai, Marcão, e deixou o local às 11h20.

O jogador deixou o local sem dar entrevista, mas deu uma declaração através do perfil do Flamengo nas redes sociais.

– Vim falar sobre o ocorrido, mas não vim falar apenas sobre mim. Falo pela minha filha, que é negra. Pelos meus sobrinhos, que são negros. Meu pai, minha mãe, amigos… por todos os negros. Hoje tenho status de jogador de futebol e voz ativa para falar e dar força a quem sofre racismo ou outros tipos de preconceito – disse Gerson.

Na noite de segunda-feira, Ramírez divulgou um vídeo em que negou ter cometido qualquer ato racista contra Gerson.

– Em nenhum momento fui racista com nenhum dos jogadores, nem com Gerson, nem com qualquer outra pessoa. Acontece que quando fizemos o segundo gol botamos a bola no meio do campo para sair rapidamente e o Bruno Henrique finge e eu arranco a correr e eu digo a Bruno que” jogue rápido, por favor”, “vamos irmão, jogar sério”. Aí ele joga a bola para trás e Gerson, não sei o que me fala, mas eu não compreendo muito o português. Não compreendi o que me disse e falei “joga rápido, irmão”.

– Aí passo por ele e sigo a bola. Não sei o que ele entendeu, o que ouviu. Ele jogou a bola e passou a me perseguir sem eu entender o que passava. Dei a volta por trás porque não queria entrar em briga com ninguém e depois ele sai falando que o tratei com “cale a boca, negro” falando português quando eu realmente não falo português. Estou apenas alguns meses no Brasil e sobre isso de ser racista não estou de acordo, porque isso não é bem visto em nenhuma parte do mundo e sabemos que todos somos iguais e em nenhum momento falei isso e menos ainda usei essa palavra. (Globo Esporte)