“Ninguém chamou a polícia. No momento do crime passou uma viatura da Polícia Militar em frente da loja, eu olhei para um dos policiais e ele entendeu”. A declaração acompanhada de alívio é de Gerson Oliveira, gerente de uma loja de eletrodomésticos no bairro CPA II, em Cuiabá. Na última segunda-feira (06.01), o estabelecimento comercial foi assaltado e Gerson e mais seis pessoas foram feitas de reféns.
Após permanecer com um revólver apontado contra sua cabeça e de servir de escudo para os criminosos, o gerente reconheceu que o preparo dos policiais durante a ocorrência foi fundamental para salvar sua vida e das outras pessoas rendidas pelos suspeitos. “Eles perceberam meu olhar de pavor diante daqueles homens dentro da loja. Um policial sentado do lado esquerdo da viatura me viu”, declarou.
O policial responsável por perceber o pedido de socorro foi o soldado Djorley, que patrulhava a região comercial da Avenida Brasil com mais dois colegas. “Nós avistamos os homens colocando algo em uma mochila, o gerente da loja olhou para mim e fez um sinal com a mão. Imediatamente cercamos o local e acionamos o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), para conduzir as negociações com os homens armados”, relembrou o soldado.
O comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Fernando Augustinho, afirma que todas as equipes que atuam na unidade são orientadas a realizar rondas nas áreas comerciais para passar a sensação de segurança aos clientes e funcionários.
Na ação policial, dois homens foram presos em flagrante, após 40 minutos de negociação com os policiais e os setes reféns foram liberados sem ferimentos. O comandante do Bope, tenente-coronel Ronaldo Roque, que acompanhou as negociações, ressalta que a primeira intervenção feita pelos policiais do 3º Batalhão da PM foi fundamental para o desfecho positivo da ocorrência.
“O resultado positivo desta ação é reflexo das inúmeras capacitações as quais a tropa é submetida na Policia Militar. Prestar um serviço à altura dos acontecimentos e dos anseios sociais é a nossa missão. Situações críticas de maior complexidade, como foi à ocorrência de roubo com refém, requer adoção de procedimentos específicos a cada situação. Ficamos reconfortados ao ver as pessoas saindo ilesas da ocorrência, isso nos motiva a sempre estar nos capacitando”, explica o tenente-coronel.
“Eu não sou militar, mas entendo que vale a pena cada vez mais se treinar e se capacitar. A técnica que eles têm faz com que a gente acredite cada vez mais na Polícia Militar”, ressalta o gerente Gerson Oliveira.
O responsável pelas negociações do roubo a loja no CPA II, capitão Layo Lomantto, explica que a missão é identificar uma brecha para iniciar as negociações com os suspeitos e, principalmente, manter a integridade física e emocional dos reféns.
“O maior desafio para a equipe de negociação é buscar a solução para a crise no campo diplomático e não bélico, agindo sempre de modo a identificar ou criar uma janela de intervenção. Em meio ao caos, o principal objetivo é restabelecer a ordem, através da mudança de comportamento dos causadores do evento crítico”, diz o capitão.
A equipe de negociação é constituída por policiais especializados em negociação policial. Eles são responsáveis pelo contato direto com os suspeitos, para identificar as suas exigências e necessidades, mapear o problema e buscar a solução do fato. Ao negociador cabe demonstrar equilíbrio emocional e assertividade, dando suporte técnico e tático aos demais policiais envolvidos no processo, buscando, sobretudo preservar vidas.