Alan Porto
Ao participar, há uma semana, da certificação de alfabetização de 600 idosos residentes em Cuiabá, tive a confirmação do que há muito defendo: alfabetizar um adulto não é apenas transmitir letras. É enfrentar uma injustiça histórica que atravessou gerações.
Cada idoso que recebia o seu certificado na formatura, demonstrava, de forma objetiva, que a nossa política pública de Educação de Jovens e Adultos, a EJA, está no caminho certo.
Durante décadas, milhares de idosos, sobretudo aqueles do meio rural, viveram em um Brasil onde a escola não chegava. Faltavam salas, faltavam professores, e o trabalho infantil era mais presente do que qualquer perspectiva de estudo.
O Estado simplesmente não cumpria seu papel. Obviamente que o analfabetismo não é resultado de incapacidade pessoal. É resultado direto da ausência de políticas públicas consistentes no passado.
Reconhecer esse passado foi fundamental para orientar as ações do presente. Foi assim que estruturamos, na Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso, o programa Mais MT Muxirum. A iniciativa tem enfrentado, de maneira organizada e contínua, um problema histórico que não se resolveria com discursos, mas com planejamento, investimento e metas claras.
Em 2025, por exemplo, mais de 17 mil idosos retornaram às salas de aula em Mato Grosso. São pessoas que cresceram trabalhando antes mesmo de terem qualquer chance de aprender a escrever o próprio nome.
Agora, quando concluem a alfabetização, o que vemos não é narrativa de superação individual, mas o Poder Público finalmente cumprindo uma responsabilidade que lhes foi negada tempos atrás.
Hoje, os resultados são concretos. Desde 2021, o Mais MT Muxirum se tornou uma das iniciativas mais eficazes do país na alfabetização de adultos, com mais de 85 mil adultos certificados.
A taxa de analfabetismo, que era de 7,1% em 2010, caiu para 3,8% em 2024, atingindo o menor índice histórico e superando a meta fixada pela Seduc, que era de 4%.
Nada disso aconteceria sem estrutura. O Muxirum funciona por meio de parceria efetiva com os municípios e conta com 159 coordenadores locais e 1.427 alfabetizadores, todos apoiados por bolsas de R$ 1 mil e R$ 1.300, respectivamente.
É investimento público direcionado para quem mais precisa. É EJA organizada, estável e parte do Plano EducAção 10 Anos, que reúne 30 políticas educacionais com o objetivo de colocar a rede pública de Mato Grosso entre as cinco melhores do país até 2030.
Trata-se de política de Estado, não de ação isolada. Mostramos que alfabetizar adultos não é ato de caridade. É responsabilidade institucional.
E, para ampliar resultados também no Ensino Fundamental regular, a Seduc incorporou tecnologias que facilitaram o processo como internet de banda larga nas escolas, uso de Chromebooks e plataformas digitais que aproximaram conteúdos, reduziram distâncias e tornaram o aprendizado mais acessível para estudantes e professores.
Por conta disso, a evolução também apareceu na alfabetização das crianças. Em 2024, Mato Grosso alcançou 60,59% de alunos alfabetizados ao final do 2º ano do Ensino Fundamental, superando a meta de 59%. As metas futuras são ainda mais desafiadoras e progressivas: 67% em 2026, 71% em 2027, 74% em 2028, 77% em 2029 e 80% em 2030.
Diante desses dados, fica evidente que não há espaço para críticas vazias ou discursos que ignoram resultados. Em Mato Grosso, alfabetizar crianças, jovens e adultos é política pública sólida, com base em evidências, metas claras e monitoramento. É garantir direitos. É o Estado assumindo seu papel. E, quando isso acontece, toda a sociedade avança e continuará avançando.
Então, essa é a nossa educação!
Alan Porto é secretário de Estado de Educação de Mato Grosso
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